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ESPERANDO A GUERRA
Ativistas prometem superar Seattle
Manifestação é organizada pela internet; jovens aprendem técnicas para enfrentar polícia
RICARDO GRINBAUM
ENVIADO ESPECIAL A QUÉBEC
Os ativistas contra o capitalismo global preparam meticulosamente, detalhe por detalhe,
como levar o caos a Québec. Foram meses de troca de correspondência, viagens e treinamentos em campos especializados
para organizar o protesto contra
a reunião da Alca.
Ninguém sabe quantas pessoas participarão do protesto,
mas os organizadores esperam
que seja o maior desde Seattle,
em 99, quando 60 mil interromperam reunião da OMC.
"Nossas geladeiras estão lotadas", diz Patrice Breton, 26, estudante de jornalismo que está há
um ano envolvido na organização do protesto. "Os voluntários
cozinharam por mais de dois
meses para deixar comida pronta para os dias de protesto."
Para organizar o A-20, como
foi apelidado o protesto de 20 de
abril, os manifestantes se organizaram em torno de três grupos
canadenses: Operation SalAMI
("amigo sujo"), CASA (Comitê
de Boas Vindas ao Encontro das
Américas) e CLAC (Convergência das Lutas Anticapitalistas).
As organizações lançaram pela
internet um "chamado para a luta", como se diz no jargão dos
ativistas, e centralizaram os contatos com associações estudantis, ambientalistas, feministas,
políticas, sindicais e simpatizantes em geral do movimento contra o capitalismo global.
Foram criadas páginas na internet e uma rede de comunicação por e-mails, em que todas as
pessoas interessadas trocavam
informações e recebiam informes diários sobre o andamento
da organização. Só em Québec
foram realizados mais de cem
cursos e debates. Representantes
do SalAMI, da CASA e da CLAC
viajaram pelo Canadá e pelos Estados Unidos para dar treinamento de técnicas de protesto.
"Aprendemos como reagir
diante da ameaça de prisão por
parte da polícia", diz o estudante
canadense Ardath Whynacht.
Ardath conta que uma das técnicas que aprendeu é de abraçar
outros integrantes de seu grupo
quando a polícia se aproximar.
A idéia é dificultar a prisão e
criar uma imagem que dê impacto na televisão.
Os organizadores do protesto
também orientaram os ativistas
de outras cidades a se unirem
em grupos que dividem o mesmo tipo de interesse. Os "grupos
de afinidade", como são chamados, atuam em bloco durante os
protestos e cada integrante procura acompanhar o que está
acontecendo e ajudar os outros
participantes.
Ontem, começou a última etapa de preparação para o A-20.
Caravanas com militantes de todo o Canadá e dos Estados Unidos começavam a chegar em
Québec. Em todas as ruas do
centro histórico da cidade podia-se ver jovens com roupas coloridas, penteados com tranças e
mochilas nas costas.
Os ativistas recém-chegados à
cidade eram encaminhados para
albergues, colégios, faculdades e
casas de famílias. Há uma lista
com 15 mil nomes de militantes
que pediram abrigo. Mas os organizadores estão esperando
muito mais gente.
"Quando começamos a falar
sobre o assunto, no ano passado,
nosso grupo tinha 20 pessoas.
Chegamos hoje a Québec numa
caravana com 220 pessoas e tem
muito mais gente vindo", disse o
estudante Eric McIntyre.
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