São Paulo, quarta-feira, 19 de abril de 2006

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Jornalista contradiz Palocci sobre caseiro

ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em depoimento à Polícia Federal, a jornalista Helena Chagas, diretora da Sucursal de Brasília do jornal "O Globo", negou ter levado ao ex-ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) a informação de que o caseiro Francenildo dos Santos Costa, que ganhava R$ 700 mensais, teria recebido uma quantia significativa de dinheiro.
Chagas foi ouvida pela PF no inquérito que apura a quebra ilegal do sigilo bancário do caseiro. Hoje, o delegado Rodrigo Carneiro Gomes encaminha relatório parcial à Justiça no qual pedirá um prazo maior para a investigação e listará como indiciados o ex-ministro Antonio Palocci, o ex-presidente da Caixa Econômica Federal Jorge Mattoso e o ex-assessor de imprensa Marcelo Netto.
Ouvida durante duas horas na noite de segunda-feira, Chagas afirmou que recebeu uma ligação telefônica de Palocci na tarde de 15 de março, véspera do dia em que o sigilo bancário de Francenildo foi violado na Caixa.
No telefonema, o ex-ministro teria pedido a ela mais informações sobre as tais quantias recebidas pela caseiro. Palocci teria dito que tomara conhecimento do assunto por meio do senador Tião Viana (PT-AC), vice-presidente do Senado e articulador do governo na CPI dos Bingos.
Também no depoimento, Chagas relatou que, em conversa com o senador Viana, comentou ter ouvido de seu jardineiro, chamado Leonardo, que Francenildo teria recebido dinheiro.
À PF, em depoimento de 4 de abril, Palocci afirmou ter recebido da jornalista a informação de que o caseiro Francenildo "tinha um bom dinheiro".
Chagas mora no bairro do Lago Sul, em Brasília, ao lado da "casa do lobby", onde Francenildo trabalhava e que era usada por ex-assessores de Palocci.
"O Globo" informou que Chagas está em férias, e Viana não respondeu ao recado deixado pela reportagem na tarde de ontem.

Jardineiro
O jardineiro Leonardo Moura disse ontem à noite em depoimento à PF que, em janeiro, Francenildo voltou de férias do Piauí e contou a ele que havia recebido um dinheiro de seu pai biológico e gostaria de comprar um terreno.
Cerca de dois meses depois, Moura disse que, ao ver a foto de Francenildo no jornal, comentou com Helena Chagas, sua patroa, a conversa que teve com o caseiro vizinho. Segundo ele, em nenhum momento Francenildo contou que tinha conta na CEF. Permanece na investigação, portanto, o mistério de onde surgiu a informação de que Francenildo era correntista do banco estatal.


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