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AUDIÊNCIA RESTRITA
Senado desiste de promover sessão conjunta
Bastos depõe amanhã em comissão da Câmara
SILVIO NAVARRO
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Após gerar atrito sobre a escolha da data e do local do esperado depoimento do ministro Márcio Thomaz Bastos
(Justiça) no Congresso, o governo conseguiu costurar um
acordo ontem com a oposição
para que ele seja ouvido amanhã, às 10h, na CCJ (Comissão
de Constituição e Justiça) da
Câmara dos Deputados.
O acerto, articulado pelo presidente da CCJ, Sigmaringa Seixas (PT-DF), com o PFL, favorece o ministro no formato, no
clima e na data do depoimento,
por se tratar de véspera de feriado, o que minimiza a repercussão e esvazia o Congresso.
"Já conversei com o ministro
e tenho o compromisso dele de
comparecer. Se isso não ocorrer colocaremos em votação a
convocação, mas creio que não
será necessário", disse Sigmaringa. Na CCJ, além de o depoimento adquirir caráter de audiência pública, os partidos
exercem um controle mais rígido sobre a participação dos deputados, e os 61 titulares terão
preferência para fazer perguntas. O governo temia que no
plenário o ministro sofresse
um bombardeio descontrolado
de deputados do "baixo clero"
em busca de holofotes.
"O clima aqui é diferente, a
comissão permite que as pessoas possam argüir com mais
racionalidade", disse o deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP), vice-presidente da CCJ.
Bastos se ofereceu para ir ao
Congresso dar explicações sobre sua suposta atuação para
ajudar o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci a se defender no caso da violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa. Bastos confirmou
ter apresentado o advogado
Arnaldo Malheiros a Palocci,
mesmo diante das suspeitas de
que o ex-ministro era o responsável por ordenar a violação.
Após o anúncio de Bastos de
que queria falar espontaneamente, houve um impasse porque a Câmara se antecipou ao
Senado e agendou o depoimento. A decisão abriu uma
crise entre as duas Casas. Atropelado pela Câmara, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), desistiu
de uma sessão conjunta: "A Câmara se antecipou, agora ele
vai ser ouvido lá". O depoimento "espontâneo" evita o
desgaste de uma convocação
pela CPI dos Bingos.
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