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CONGRESSO
Verba para uma ponte em Aracaju emperrou votação durante o dia
Planalto cede e oposição aceita aprovar Orçamento
GUSTAVO PATU
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo mergulhou ontem
no varejo político e conseguiu finalmente aprovar, às 23h15, o Orçamento da União deste ano, cujo
atraso é o maior desde 1994. Nas
negociações finais, o governo cedeu e uma série de miudezas regionais tomou o lugar das discussões sobre as despesas públicas
prioritárias a serem -definidas
por Executivo e Legislativo.
Em um plenário com cerca de
50 dos 594 parlamentares, a votação foi simbólica, o que só foi possível porque todos os acordos já
haviam sido fechados. O grande
empecilho do dia foi a verba para
uma ponte em Aracaju -R$ 85
milhões, ou 0,02% da arrecadação
federal-, cuja conclusão está
prevista para agosto. O governador João Alves (PFL-SE), originalmente, nem reivindicava recursos
orçamentários para a obra, mas
sim um empréstimo do BNDES.
Comandados pelo ministro
Tarso Genro (Relações Institucionais), que ontem pela manhã recebeu o aval do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, os negociadores do Palácio do Planalto argumentaram com o governador
que um parecer da Secretaria do
Tesouro Nacional vetava o empréstimo, porque o Legislativo
sergipano extrapola os limites de
gastos com pessoal fixados pela
Lei de Responsabilidade Fiscal.
Alves teve de ir a Brasília para
uma reunião com o presidente do
Congresso, Renan Calheiros
(PMDB-AL), e representantes da
equipe econômica que se arrastou
até as 21h30. Ao final, o governador se declarou satisfeito: disse
haver convencido seus interlocutores de que regularizaria em
tempo hábil a situação do Estado.
Como o Orçamento é meramente autorizativo, a previsão de
uma despesa no texto não garante
sua execução, mas os políticos colhem dividendos em suas regiões
ao arrancar compromissos reais
ou imaginários do governo.
A bancada amazonense, por
exemplo, conseguiu um remanejamento dos investimentos da Petrobras para viabilizar um gasoduto de Manaus a Coari. A companhia resistia à obra por considerar excessivo o preço cobrado
pelas empreiteiras. Mas o deputado Pauderney Avelino (PFL-AM)
desdenhou da conquista dos colegas: "São R$ 110 milhões, não dá
para nada. Depois o governo cancela e o dinheiro não sai".
Liderado pelo senador Antonio
Carlos Magalhães, o PFL baiano
empenhou-se em projetos de irrigação para dois municípios do Estado. Acabou ficando com uma
"promessa" de liberação integral
de R$ 170 milhões destinados pelo
Orçamento às áreas de saúde e
educação na Bahia. Na semana
passada, o governo também teve
de destinar R$ 5,2 bilhões aos Estados como compensação pelo
fim do ICMS sobre exportações.
Apesar de todo o esforço e desgaste, o texto aprovado pelos parlamentares vai durar pouco. Já está em preparação um bloqueio
dos gastos na casa dos R$ 20 bilhões, que deverá ser feito por decreto após a sanção presidencial.
O Executivo enviou ao Congresso
um projeto que subestimava as
despesas -não havia recursos
nem para o reajuste do salário mínimo para R$ 350. Com as correções, mais as emendas dos parlamentares, a previsão de gastos subiu de R$ 391 bilhões para R$
407,1 bilhões, e os investimentos
passaram de R$ 14,3 bilhões para
algo em torno de R$ 20 bilhões.
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