|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Exército vê idéia de ministro com ressalvas
CLAUDIO DANTAS SEQUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O Exército vê com ressalvas a
proposta do futuro ministro do
Meio Ambiente, Carlos Minc,
de usar as Forças Armadas na
defesa dos parques nacionais e
das reservas indígenas e extrativistas da Amazônia. Para
Minc, os militares poderiam
suprir a carência de fiscais na
região amazônica.
"Em termos conceituais a
idéia pode ser interessante,
mas é preciso ver como será
aplicada", disse à Folha o general Adhemar da Costa Machado Filho, chefe da assessoria de
imprensa do gabinete do Exército. Segundo Machado Filho,
um patrulhamento regular e
ostensivo requer "repasse de
mais verbas" e "a concessão de
poder de polícia".
"Pode não ser tão fácil assim,
mas vamos esperar a diretriz
do Ministério da Defesa", afirmou. Desde 2001, as Forças Armadas podem ser usadas pontualmente para as chamadas ações de garantia da lei e da ordem no país.
O decreto 3.897 fixou as diretrizes para o emprego das Forças Armadas em caráter emergencial. O texto prevê que qualquer ação militar de policiamento ostensivo, preventivo
ou repressivo será sempre
"temporalmente limitada e
territorialmente especificada".
No caso da Amazônia, ações
conjuntas entre militares e outros órgãos do governo são cada vez mais freqüentes. "Já fazemos esse tipo de ação, quando há um pedido do Ibama ou
da Polícia Federal, por exemplo", explicou à Folha o comandante do CMA (Comando
Militar da Amazônia), general
Augusto Heleno.
No início de abril, Exército e
Ibama atuaram juntos na desocupação de um garimpo no rio
Puruí, afluente do Japurá, no
Amazonas. Foram apreendidas
oito dragas.
As declarações de Minc se
ajustam à diretriz do governo
Lula para a Amazônia. O Ministério da Defesa apresentará
em agosto um novo plano para
a região.
Dados recentes de desmatamento e o conflito pela demarcação da reserva Raposa/Serra
do Sol, em Roraima, reacenderam o debate sobre a presença
militar na Amazônia.
Em palestra no mês passado,
Heleno disse que há um "vazio
de poder" na região. Hoje, o
Exército tem 24 mil homens
em 124 organizações militares,
entre brigadas, batalhões e pelotões de fronteira. O contingente deve chegar a 27 mil militares até o final do ano.
Texto Anterior: Minc propõe que militares façam defesa da Amazônia Próximo Texto: Custo da missão no Haiti vai passar de R$ 500 mi em 2008 Índice
|