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Após trocar de sobrenome, "musa do mensalão" atua em agência de marketing
THIAGO GUIMARÃES
COORDENADOR-ASSISTENTE DA
AGÊNCIA FOLHA
Para a primeira testemunha arrolada pela Procuradoria na denúncia do mensalão, o escândalo é passado.
Mas o episódio continua a
abrir portas para Fernanda
Karina Ramos, 34.
De vedete da maior crise
do governo Lula, a ex-secretária de Marcos Valério na
SMPB Comunicação virou
aposta do PMDB quercista
nas eleições para deputado
federal por São Paulo. A
campanha de R$ 250 mil e
lema "ética na política" rendeu 2.304 votos -458ª votação entre 952 candidatos.
O fim da tentativa eleitoral
marcou uma reviravolta na
vida da mulher que introduziu novos temas ao léxico político nacional, como motoboys, "pastas 007" e diretoras cansadas de contar dinheiro. Ela deixou o sobrenome Somaggio, de 11 anos
de casamento. Vive agora
com uma amiga de Mococa
(SP), sua cidade natal, em
apartamento na Bela Vista,
em São Paulo. Só vai a Belo
Horizonte para visitar a filha
Nayna, 11. Com as mesmas
medidas da época do escândalo -1,77 m e 56 kg-, se diz
"livre, leve e solta".
Convidada por seu coordenador de campanha para
trabalhar em sua agência de
"marketing de resultados",
Karina trocou as reuniões
com expoentes da República
pela corrida por eventos e
patrocínios. "Digo que renasci. Comecei outro ciclo e
venho trabalhar animada."
O chefe, Márcio Borges,
45, também é filiado ao
PMDB. Coordenou panfletagem na campanha de Ciro
Gomes (PSB) à Presidência
em 2002 e diz que contratou
Karina por sua experiência
em publicidade. "Ela sabe
como funciona", afirma.
A dona da agenda de compromissos que ajudou a convencer a Procuradoria sobre
a existência da "quadrilha
dos 40" diz ter desistido de
novas candidaturas. Mesmo
assim, avalia que a "cruzada
contra a CPMF" é "fantástica" e afirma que "o povo tem
que aprender a fazer lobby".
Novela
Em um país de memória
política curta, Karina guarda
seu lugar no imaginário nacional, mas como atriz de novela, a julgar pelas abordagens que ainda recebe na
rua. "Digo que trabalhei na
novela do mensalão."
A petista de outrora assume tom suave ao discorrer
sobre o governo Lula. "Deu
uma boa melhorada." E o
caos aéreo? "São coisas que
já vêm de muito tempo", desconversa, para logo emendar
ecos da campanha: "O povo
tem que exigir mais".
Assim como o mensalão,
as ameaças e gastos com advogados ficaram para trás na
vida de Karina. A nota triste
de 2007 ficou por conta do
assassinato do pai, em fevereiro, durante assalto em
Mococa. Ela diz que a apuração não foi concluída e que
aposta em crime comum.
Fã de literatura mística
-o último livro foi a trilogia
"A Viagem de Jerle Shannara", de Terry Brooks-, Karina diz acompanhar o noticiário "quando dá". Sobre a
denúncia do mensalão, defende seu acolhimento na íntegra pelo STF. "É o que a
Justiça deve à sociedade, que
as pessoas que fizeram o que
fizeram sejam julgadas, porque ninguém foi."
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