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São Paulo, sexta-feira, 19 de setembro de 2003

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Presidente procura levar Miro para o PSB

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu ao ministro das Comunicações, Miro Teixeira, que deixe o PDT e se filie ao PSB para assumir a pasta da Ciência e Tecnologia na vaga desse último partido. Assim, o Ministério das Comunicações ficaria livre para acomodar o PMDB, que ainda ganharia uma outra pasta.
O atual titular da Ciência e Tecnologia, Roberto Amaral, deixaria o governo. Lula está insatisfeito com seu desempenho. Além disso, Amaral perdeu parte do apoio político que recebia do PSB.
A Folha apurou que Miro Teixeira ficou de dar uma resposta ao presidente, mas que a tendência é que ele aceite o pedido. Lula gosta de Miro e o manteve no posto apesar de o atual partido dele, o PDT, estar na oposição, segundo avaliação do Palácio do Planalto.
A cúpula do governo também avalia que Miro é devedor de Lula porque não se filiou ao PMDB, como lhe pediu o presidente. Para Lula, se Miro tivesse se filiado ao PMDB, teria lhe resolvido dois problemas: evitaria a entrada no partido de Anthony Garotinho, ex-governador do Rio e atual secretário da Segurança daquele Estado, e poderia ser contabilizado com um dos ministros do PMDB.
O presidente já confessou a auxiliares que uma das maiores dificuldades para colocar o PMDB no ministério é achar um bom nome. Apesar de precisar do apoio do partido no Congresso, o presidente teme a imagem fisiológica de setores da sigla e quer escolher com cuidado os ministeriáveis.
O ministro Roberto Amaral tem resistido a deixar o ministério. Nos últimos dias, articulou-se com o governador de Alagoas, Ronaldo Lessa. Para Lessa, Amaral está sendo fritado pelo presidente nacional do PSB, o deputado federal Miguel Arraes (PE).
Essa fritura é um fato. No final do ano passado, Amaral foi encarregado pelo PSB de negociar com o então presidente eleito a indicação de um ministro do partido. Amaral se auto-indicou ministro, vendendo-se como ligado a Garotinho e a Arraes. No entanto, os dois grupos depois disseram que ele era apenas candidato de si mesmo. Agora, como Lessa reage ao poder cada vez maior de Arraes no PSB, Amaral recebeu reforço, mas parece tarde.
Desde o fatídico começo de gestão, na qual defendeu que o Brasil deveria ter tecnologia para construir uma bomba atômica, Amaral vem se desgastando com Lula.
Lula também examina com atenção a possibilidade de oferecer ao PMDB o Ministério das Cidades, cujo titular é seu amigo Olívio Dutra (PT-RS). O ex-governador teria que ter uma saída honrosa pelo amizade com Lula e pelos serviços prestados ao PT.
A oferta de Comunicações e Cidades ao PMDB é a preferida de Lula, mas ainda não é uma decisão definitiva, como também não é definitivo o desejo de realizar a reforma na virada de outubro para novembro. Lula quer aguardar a aprovação das reformas da Previdência e tributária em primeiro turno no Senado para fazer a mudança na equipe. Uma mexida com reformas em curso, crê Lula, poderia atrapalhar a aprovação.


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