São Paulo, sábado, 19 de outubro de 2002

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Governo do PT seria como gestão Chávez, diz Serra

DA AGÊNCIA FOLHA, EM MARINGÁ
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
ENVIADO ESPECIAL A PORTO ALEGRE

O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, disse ontem que uma administração petista no Brasil seria como a de conturbada gestão de Hugo Chávez na Venezuela. Sua vice, Rita Camata (PMDB), acusou Luiz Inácio Lula da Silva de "não trabalhar" e "não administrar nem sua casa".
Falando a uma platéia de 150 prefeitos, em Maringá (PR), o tucano defendeu o municipalismo e disse que precisa da ajuda dos prefeitos para governar o Brasil.
Ele afirmou que em eventual governo petista o Brasil corre o risco de se transformar em uma Venezuela -desde sua eleição em 2000, Chávez mudou estruturas institucionais, foi acusado de totalitarismo, enfrentou um golpe e agora vê ondas de protesto.
"Quando sou perguntado sobre como seria uma administração petista, digo que seria como a Venezuela, um governo do PT seria como o de Chávez", disse.
Serra se recusou a discutir temas econômicos. Segundo ele, as questões econômicas deveriam ser perguntadas a Lula: "Em um debate eu quero discutir isso com Lula. Não no debate da Globo, quando eu não poderei fazer perguntas". O debate entre Lula e Serra está programado para o dia 25 na Rede Globo, e é o único do qual o petista aceitou participar. "Eu tenho muito medo do medo do Lula [de não debater]", disse.
O encontro com lideranças e prefeitos na Cocamar (Cooperativa dos Cafeicultores de Maringá) foi marcado por ataques a uma eventual administração petista.
O governador do Paraná, Jaime Lerner (PFL), e o candidato derrotado do PSDB ao governo do Paraná, Beto Richa, assim como o prefeito de Curitiba, Cássio Taniguchi (PFL), estavam presentes.
Partiu de Rita Camata o ataque mais forte contra Lula. Para ela, o país não pode eleger o petista porque ele não trabalha: "Não sabe administrar nem sua casa, porque nem trabalhar ele trabalha", disse.
Antes, o deputado federal Luiz Carlos Hauly (PSDB) disse que o crescimento do PT na Câmara se deu "pela falsificação e pela mentira". Segundo ele, a CUT distribuiu panfletos com mentiras sobre os parlamentares e "repetindo a propaganda de Hitler, transformaram mentiras em verdades".

Rio Grande do Sul
No Estado, governado pelo PT, Serra fez ontem dos ataques aos petistas um discurso quase monotemático. Ele foi recebido com ovação e vaias no centro de Porto Alegre, onde fez caminhada com cerca de mil pessoas. Serra registrou no Estado um dos seus melhores resultados no primeiro turno: 32,4% dos votos válidos.
O candidato voltou a dizer que o PT de Lula tem várias faces: ""Primeiro, é o PT da TV: música, trilha profissional, lágrimas, alegria, Caetano Veloso cantando sem autorização. É o PT que se recusa ao confronto, ao debate".
"Depois, existe o PT do MST e outras forças. Apareceu ontem [anteontem] no Rio de Janeiro. Nós tivemos lá um ato das forças que nos apóiam. Mandaram a tropa de choque [referência ao protesto de mata-mosquitos dispensados pela Pasta da Saúde]. Esse é o PT da tropa de choque."
"Em terceiro, o da administração, do governo. Este o Rio Grande [do Sul] é especialista em conhecer." Serra atacou a administração de Olívio Dutra (PT).
No mesmo ato, numa churrascaria, o ministro Pratini de Moraes (Agricultura), do PPB, pregou a necessidade de "erradicar o PT do Rio Grande". Serra esteve acompanhado pelo candidato a governador Germano Rigotto (PMDB). Rigotto está 14,8 pontos percentuais à frente de Tarso Genro (PT) na intenção de votos, segundo pesquisa Cepa.
A Folha perguntou a Serra se o desgastado governo petista de Olívio Dutra está para a candidatura Tarso Genro como o governo Fernando Henrique Cardoso está para Serra: "De forma alguma. O Brasil com o Fernando Henrique está melhor hoje do que estava antes". (JOSÉ MASCHIO, LÉO GERCHMANN e MÁRIO MAGALHÃES)



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