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SEGUNDO TURNO
Partido acena com possibilidade de diminuir percentual para pagamento de serviço de débito em eventual governo
PT promete rediscutir dívidas de Estados
FÁBIO ZANINI
ENVIADO ESPECIAL A PORTO ALEGRE
Um eventual governo de Luiz
Inácio Lula da Silva (PT) promoveria a rediscussão dos contratos
de financiamento dos débitos de
Estados e municípios com a
União, acenando inclusive com a
possibilidade de redução do percentual de comprometimento de
suas receitas com o serviço da dívida. A promessa foi feita ontem
pelo coordenador do programa
de governo de Lula, Antônio Palocci Filho, em visita da comitiva
petista ao Rio Grande do Sul.
"Todos os Estados querem reduzir o comprometimento do pagamento das suas dívidas. Essa é
uma questão que deve ser analisada dentro de um processo global
de ajuste fiscal", declarou ele,
pouco antes de comício de Lula
em Porto Alegre.
Os contratos estipulam teto de
13% da receita de Estados e municípios com o serviço da dívida. Há
pressão de governadores e prefeitos para que esse percentual seja
reduzido, o que poderia liberar
mais recursos para gastos sociais.
A prefeita de São Paulo, Marta
Suplicy (PT), é um exemplo de
administradora que esteve na linha de frente do movimento pela
renegociação dos contratos das
dívidas. Do outro lado da trincheira, o governo federal, com o
ministro da Fazenda, Pedro Malan, à frente, argumenta que a redução dos percentuais colocaria
em risco o esforço de ajuste fiscal
em curso.
Meta de superávit
O governo se comprometeu
com o FMI com uma meta de superávit fiscal de 3,75% do PIB, no
que é apoiado pelo PT. A meta poderá ser elevada na próxima renegociação do acordo com o Fundo,
no mês que vem.
Palocci afirmou que a renegociação com Estados e municípios
iria até o ponto em que não houvesse problemas para as finanças
da União.
"Não adianta o governo criar
uma facilidade para os Estados se
essa conta se reflete numa dificuldade fiscal federal, que vai se refletir nos gastos com a saúde, com
educação", declarou.
Fiel ao estilo cauteloso da campanha de Lula, Palocci não quis
adiantar possíveis termos dos novos contratos, muito menos citou
novos percentuais de comprometimento da receita com o serviço
da dívida.
"Não vou dizer que percentual é
baixo e qual é alto. Precisa ser estudado caso a caso", afirmou o
coordenador do programa de governo de Lula.
Sobre um calendário para as renegociações, também foi inconclusivo. "Os Estados e municípios
endividados têm dificuldades.
Agora, também no nível federal as
dificuldades são enormes. Isso na
hora certa vai ser rediscutido. Se
houver espaço, será feito", declarou Palocci.
Pronunciamento
Um dos principais estrategistas
da campanha petista, Palocci procurou demonstrar despreocupação com o anunciado pronunciamento de José Serra (PSDB) na
TV, no domingo.
"Se [o pronunciamento] tiver
ataques pessoais, não vai ser novidade, porque já estão existindo,
lamentavelmente."
O coordenador do plano de Lula disse ainda que a reunião marcada para hoje em São Paulo do
presidenciável petista com empresários e trabalhadores visa a
formação do embrião de um conselho de desenvolvimento econômico e social.
"Há questões que precisam ser
fruto de amplo debate na sociedade. O conselho seria um dos ambientes a ser criados para articulação desse pacto."
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