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NOS BRAÇOS DO PIB
Petista canta vitória diante de 300 empresários
Staub vira 'ministro' em jantar para Lula
FÁBIO VICTOR
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente da Gradiente,
Eugênio Staub, foi chamado
por colegas de "meu ministro"
no jantar oferecido anteontem
à noite por Ivo Rosset, da Valisère, a empresários em torno
do presidenciável do PT, Luiz
Inácio Lula da Silva.
Eleitor histórico do PSDB,
Staub foi o primeiro grande
empresário paulista a declarar
apoio a Lula, há quase um mês.
Após o anúncio, ele se envolveu na campanha e até gravou
comercial em defesa do petista.
A "nomeação" do presidente
da Gradiente -que, em caso
de vitória de Lula, poderia assumir um ministério da área
econômica- foi só um aperitivo do clima de "já ganhou" que
dominou o salão de festas do
prédio onde mora Rosset, no
bairro paulistano dos Jardins.
"Tem de ser rápido, mas não
precisa anunciar logo no dia
28", disse Staub, questionado
por um empresário sobre a data do anúncio da equipe econômica de um governo do PT.
Noutra rodinha, João Sayad,
Cosette Alves e Luiz Gushiken
avaliavam que divulgar logo seria fundamental para dar
"tranquilidade" ao mercado.
O otimismo contagiou Lula.
Em seu discurso, de 25 minutos, ele disse que só não ganha a
eleição "se acontecer um efeito
bomba, como o das torres de
Nova York. Só que aqui [no
Brasil" nós não temos torres".
Foi aplaudido pelo menos
cinco vezes. Numa delas, ao dizer que, em seu governo, o Brasil não será inimigo dos EUA,
mas precisará defender seus interesses com a mesma determinação dos americanos. Noutra,
ao declarar que FHC errou em
não ouvir mais os empresários.
Rosset colocou uma estrela
do PT na lapela. Staub, um dos
poucos citados por Lula no discurso, preferiu uma bandeirinha do Brasil e um broche de
sua empresa.
Mais que escolhido, o candidato foi paparicado por boa
parte dos presentes até uma da
manhã, quando deixou o prédio com a mulher, Marisa.
A Folha conseguiu entrar no
jantar e acompanhou de perto
o deslumbre coletivo causado
por Lula nas duas horas e 20
minutos em que ficou na festa.
Logo em seguida à tumultuada entrada do petista no salão,
a mulher de um empresário comentou, entre incrédula e encantada: "Eu toquei nele".
A chegada de Lula, às 22h40,
com mais de duas horas de
atraso, foi um alívio para Rosset, que aguardava impaciente
na porta do elevador desde às
20h30, e uma farra para os cerca de 300 convidados.
Após ser saudado com palmas, o candidato foi agarrado
por uma socialite, que queria
tirar uma foto com ele. Foi repreendida por Rosset. "Não,
agora não. Quem organiza sou
eu", gritou o empresário. "Mas
você disse que, depois de você,
eu podia bater uma com ele",
choramingou a mulher. Rosset
cedeu, e puxou Lula para mais
uma das cerca de 200 fotos de
que foi protagonista na noite.
Pequenas filas de empresários se formavam para cumprimentar o presidenciável, uns
para se apresentar, outros só
para bater uma foto.
O enorme assédio por vezes
pareceu incomodar Lula, que
perguntava o tempo todo por
Marisa. "Quer um vinho?",
perguntou um empresário ao
candidato. "Não, quero achar
minha mulher", respondeu o
petista, que bebeu uísque.
O discurso de Lula foi precedido por uma fala de Rosset
(encerrada com um trocadilho:
"Lula, dia 27 sua vitória vai ser
genuína") e sucedido por uma
surpresa de Nildo Masini, vice-presidente da Fiesp: ele presenteou Lula com uma camisa do
Corinthians comemorativa ao
título paulista de 77, conquistado após um jejum de 23 anos.
Masini justificou: "Lula também soube esperar tanto tempo e agora vai ser campeão".
Os convidados, muitos deles
doadores de campanha do candidato, também receberam
brindes: uma pequena gaita
com os símbolos do PT e da
campanha de Lula. Ao distribuí-las, um empresário explicou: "Vamos resolver o problema de gaita [gíria para definir
dinheiro] do Lula".
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