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São Paulo, domingo, 19 de outubro de 2003

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RUMO A 2004

Partido deve conseguir evitar disputa interna para escolher candidato nas oito principais cidades em que governa

PT enfrentará prévias em sete capitais

PLÍNIO FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL

O PT decidirá seus candidatos a prefeito em prévias internas em pelo menos sete capitais, mas conseguiu acordo de suas tendências nos maiores colégios eleitorais do país, conforme estratégia da cúpula nacional do partido.
Nas oito capitais em que o partido governa, o PT deve conseguir evitar a disputa interna na escolha dos candidatos. As cidades mais problemáticas eram Porto Alegre e São Paulo.
"Esse negócio de PT contra PT é um tema ultrapassado. Prévia é um direito previsto do Estatuto, mas o partido vai disputar as eleições unido", diz o presidente nacional da legenda, José Genoino.
No Sul, depois da divisão -e consequente derrota eleitoral ocorrida no ano passado- entre os grupos de Olívio Dutra e Tarso Genro, houve acordo em torno do ex-prefeito Raul Pont, sem a realização de prévias.
Na capital paulista, o chamado campo majoritário petista conseguiu impedir a realização da prévia, defendida pelas correntes de esquerda, apesar de ainda caber recursos internos da decisão.
Em Salvador, o líder do PT na Câmara, Nelson Pellegrino, conseguiu o apoio à candidatura do deputado federal Walter Pinheiro, um dos oitos suspensos das atividades internas por não apoiar a reforma da Previdência.
Em Belo Horizonte, o PT fechou apoiou em torno da candidatura do ex-prefeito Patrus Ananias. A cidade é governada pelo petista Fernando Pimentel, que era vice de Célio de Castro (PSB) e assumiu a administração em 2001, em razão de doença do titular.
Em Aracaju, o atual prefeito Marcelo Déda será candidato à reeleição, assim como em Recife João Paulo tentará obter o seu segundo mandato. O prefeito de Goiânia, Pedro Wilson, está na mesma situação.
Apesar de os ensaios de parte do PT de Maceió em lançar a senadora Heloísa Helena como candidata a prefeita, o deputado estadual Paulão (Paulo Fernando dos Santos) deve ser o representante petista na disputa na capital.
Se votar contra a reforma da Previdência, em apreciação neste final do mês no Senado, Heloísa Helena será expulsa do partido em reunião do Diretório Nacional, programada para os dias 15 e 16 de novembro. Assim, com o apoio das tendências moderadas petistas, Paulão deverá ser o candidato, mesmo obtendo índices inferiores aos da senadora em pesquisas feitas até aqui.

Bittar contra Alencar
No Rio, segundo maior colégio eleitoral entre os municípios, o deputado federal Jorge Bittar, secretário-geral do PT, deve ter de enfrentar Chico Alencar, parlamentar independente e um dos oito recentemente punidos por não votar a favor da reforma da Previdência do governo.
Em Florianópolis, a senadora Ideli Salvati, uma das ativas parlamentares em defesa do governo de Luiz Inácio Lula da Silva no Senado, terá de enfrentar o ex-deputado Vânio dos Santos para obter a candidatura ao governo.
Em Curitiba, o deputado federal Dr. Rosinha enfrentará o deputado estadual Ângelo Vanhoni.
A situação é diferente em Fortaleza. A direção nacional do PT gostaria de apoiar a candidatura do líder do governo na Câmara, Inácio Arruda (PC do B).
Mas os petistas cearenses articulam nomes como o do deputado federal José Airton e dos deputados estaduais Artur Bruno e Luizianne Lins. A disputa no caso será entre apoiar um nome aliado ou lançar candidato próprio.

Deputada e secretário
Em Teresina, Estado administrado pelo PT, a disputa se coloca entre a deputada estadual Flora Isabel e Nazareno Fonteles, secretário da Saúde.
No Amapá, João Henrique Rodrigues Pimentel, que se elegeu prefeito de Macapá pelo PSB, tentará a reeleição pelo PT.
A disputa com mais candidatos deve ser a de Campo Grande, onde o PT detém o governo do Estado. O deputado federal Vander Loubet, o deputado estadual Pedro Teruel e o vice-governador e secretário Egon Krakhecke (Planejamento, Ciência e Tecnologia) disputam a indicação da legenda.

Alianças
Na reunião de novembro do Diretório Nacional, será aprovada a linha geral das alianças do partido, que priorizará acordos com PMDB, PPS, PSB, PTB, PC do B, PV, PL, PP e PDT. A tendência é que alianças com PSDB e PFL sejam analisadas caso a caso.
Há setores no PT defendo a total restrição à possibilidade de alianças com tucanos e pefelistas, hoje os mais ferrenhos adversários do governo Lula.
Na eleição de 2000, a Executiva Nacional do PT impediu mais de 180 coligações municipais que envolviam partidos como PSDB, PFL, PMDB e PPS. Só haviam sido autorizadas alianças com os partidos mais à esquerda, como PSB, PDT, PC do B, PCB e PV.
No caso de coligações com PMDB e PPS, era preciso autorização dos diretórios estaduais.
E, no caso de todos os outros partidos, era preciso aprovação da Executiva Nacional do PT, que rejeitou sumariamente PFL e PPB (atual PP). Aprovou somente pontualmente alianças com PSDB, PMDB e PPS.


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