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NO AR
Dinheiro e poesia
NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA
Era um encontro para unir
governos contra o crime,
mas virou palanque para o oposto. Na manchete do Jornal da
Record:
- Governadores reclamam da
falta de dinheiro.
Geraldo Alckmin bem que tentou conter os ânimos. Disse que o
tema não era mais dinheiro e
sim "integrar" forças. E que, de
todo modo:
- Precisamos todos colocar
mais recursos.
O ministro Márcio Thomaz
Bastos também cedeu, no Jornal
Nacional:
- A questão da segurança vai
exigir esforço maior, inclusive financeiro, de todas as esferas, inclusive a federal.
Não bastou. Aécio Neves, às
voltas com os cofres que herdou
em Minas, usou as câmeras para
exigiu mais recursos da União,
dizendo que sem eles tudo não
passa de "poesia".
Chegou a cobrar um mecanismo para transferir recursos da
CPMF obrigatoriamente para os
seus cofres.
Garotinho, do Rio, ecoou. O
ministro da Justiça até liberou
dinheiro, como destacaram os
telejornais, mas o ex-presidenciável achou "pouco".
E assim avança, aos trancos e
barrancos eleitorais, o combate
ainda desorganizado ao crime
organizado.
Depois que o SBT veiculou a
falsa entrevista com o PCC, esperava-se autocontrole da segunda
rede do país.
Mas não. Hebe Camargo usou
seu programa para adular a audiência "ameaçando" de morte
o adolescente acusado de matar
o jovem casal:
- Vou fazer uma entrevista
(com o acusado), mas vou armada. Vou para a cadeia, mas ele
não fica vivo.
A virtual ausência de punição
a Gugu Liberato, pelo jeito, estimulou sua colega.
Não é para já, diz Lula e repisa
Alexandre Garcia. Mas os ministros não escondem a angústia.
Até Gilberto Gil:
- O sentimento de instabilidade é natural.
Bem mais atormentado, pelo
tom na Globo, está Anderson
Adauto:
- É um período extremamente desagradável.
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