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OUTRO LADO
Magistrado diz que só se informou sobre o inquérito
DA REPORTAGEM LOCAL
O desembargador Mariano
de Siqueira Neto não quis dar
entrevista à Folha. Alegou que
suas explicações sobre as gravações da Polícia Federal estavam sintetizadas em documento que encaminhou no último
dia 12 ao presidente do Tribunal de Justiça, Sérgio Augusto
Nigro Conceição. A Folha reproduz abaixo os três principais pontos desse texto:
"1. Há aproximadamente dez
anos, conheço o dr. José Augusto Bellini, delegado federal,
com o qual tenho mantido superficiais relações de amizade,
sendo de registrar que algumas
vezes participei de almoços nos
quais ele esteve presente, além
de policiais, funcionários de
meu gabinete e até mesmo um
colega da magistratura.
"2. Nunca fui procurado para
prestar-lhe algum favor, exceto
uma só vez, em que, alegando a
iminência de uma promoção
funcional, queria saber o estado de um inquérito policial no
qual figurava, em trâmite em
São Vicente. A respeito disso,
fui informado de que o inquérito havia sido arquivado pelo
magistrado competente, a instância do órgão do Ministério
Público do Estado, veiculada
em 26 de maio. p.p. Dei ciência
ao dr. Bellini de tal desfecho,
que o isentava de qualquer incriminação.
"3. Lembro-me, outrossim,
de que, à mesma época, meu
cunhado e minha irmã solicitaram-me ajuda a certa mulher
oriunda da Letônia, que se encontrava abrigada em casa da
irmã do aludido cunhado.
Contra essa senhora pesava
uma ordem de expulsão por
encontrar-se em situação irregular no Brasil.
"A intervenção minha limitou-se unicamente a pedir ao
dr. Bellini -à época diretor de
passaportes, que examinasse o
caso, provendo, se possível, no
sentido de repatriamento, uma
vez que referida pessoa tinha já
data marcada pela Polícia Federal para sair do Brasil, temendo, no entanto, dada a sua
ignorância, qualquer sanção
que viesse a prejudicar a ela e a
sua filha de 9 anos.
"Foi-me aconselhado acompanhá-la à Polícia Federal, ocasião em que, atendida por outro delegado federal, tornando-se viável que essa senhora saísse do país dentro de dois dias, o
que de fato aconteceu.
"A filha dessa pessoa era colega de uma sobrinha de meu cunhado, sendo certo que o abrigo cedido pela irmã desse último, por nome Carminda Mendes André, foi a título de caridade, pois, àquele tempo, não
tinham onde ficar nem mãe,
nem filha.
"Nada mais me cumpre levar
ao conhecimento dessa e. presidência, a não ser minha estupefação completa pelo fato de
que, grampeado o telefone do
dr. Bellini, foram detectadas ligações entre mim e ele, destituídas, porém, de qualquer liame e mesmo interesse com o
"caso Anaconda" ".
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