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São Paulo, quarta-feira, 19 de novembro de 2003

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OUTRO LADO

Magistrado diz que só se informou sobre o inquérito

DA REPORTAGEM LOCAL

O desembargador Mariano de Siqueira Neto não quis dar entrevista à Folha. Alegou que suas explicações sobre as gravações da Polícia Federal estavam sintetizadas em documento que encaminhou no último dia 12 ao presidente do Tribunal de Justiça, Sérgio Augusto Nigro Conceição. A Folha reproduz abaixo os três principais pontos desse texto:
 
"1. Há aproximadamente dez anos, conheço o dr. José Augusto Bellini, delegado federal, com o qual tenho mantido superficiais relações de amizade, sendo de registrar que algumas vezes participei de almoços nos quais ele esteve presente, além de policiais, funcionários de meu gabinete e até mesmo um colega da magistratura.
"2. Nunca fui procurado para prestar-lhe algum favor, exceto uma só vez, em que, alegando a iminência de uma promoção funcional, queria saber o estado de um inquérito policial no qual figurava, em trâmite em São Vicente. A respeito disso, fui informado de que o inquérito havia sido arquivado pelo magistrado competente, a instância do órgão do Ministério Público do Estado, veiculada em 26 de maio. p.p. Dei ciência ao dr. Bellini de tal desfecho, que o isentava de qualquer incriminação.
"3. Lembro-me, outrossim, de que, à mesma época, meu cunhado e minha irmã solicitaram-me ajuda a certa mulher oriunda da Letônia, que se encontrava abrigada em casa da irmã do aludido cunhado. Contra essa senhora pesava uma ordem de expulsão por encontrar-se em situação irregular no Brasil.
"A intervenção minha limitou-se unicamente a pedir ao dr. Bellini -à época diretor de passaportes, que examinasse o caso, provendo, se possível, no sentido de repatriamento, uma vez que referida pessoa tinha já data marcada pela Polícia Federal para sair do Brasil, temendo, no entanto, dada a sua ignorância, qualquer sanção que viesse a prejudicar a ela e a sua filha de 9 anos.
"Foi-me aconselhado acompanhá-la à Polícia Federal, ocasião em que, atendida por outro delegado federal, tornando-se viável que essa senhora saísse do país dentro de dois dias, o que de fato aconteceu.
"A filha dessa pessoa era colega de uma sobrinha de meu cunhado, sendo certo que o abrigo cedido pela irmã desse último, por nome Carminda Mendes André, foi a título de caridade, pois, àquele tempo, não tinham onde ficar nem mãe, nem filha.
"Nada mais me cumpre levar ao conhecimento dessa e. presidência, a não ser minha estupefação completa pelo fato de que, grampeado o telefone do dr. Bellini, foram detectadas ligações entre mim e ele, destituídas, porém, de qualquer liame e mesmo interesse com o "caso Anaconda" ".


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