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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ O PRESIDENTE
Lula afirma ser "impossível" existir compra de parlamentares e que comissões correm risco de perder credibilidade se usadas politicamente
"Mensalão" não será provado, diz presidente
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Assim como fizera em recente
entrevista ao programa "Roda Viva", da TV Cultura, o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem não acreditar na existência do
"mensalão". E aproveitou para
atacar a CPI concluída nesta semana sem a votação do relatório.
"A CPI do Mensalão vai terminar e eles [parlamentares] não
vão provar "mensalão". Entretanto, foi o "mensalão" que criou uma
confusão generalizada no Brasil.
E por que a CPI não vai provar
"mensalão'? Porque é humanamente impossível você imaginar
que, qualquer que seja um governo, e sobretudo no meu governo,
você tenha que chamar deputado
para dizer: "Olha, você tem que
votar porque eu te dou tanto"."
E completou: "Na cabeça do povo brasileiro já existe a idéia do
"mensalão". É uma palavra fácil, é
uma palavra que todo mundo fala
com muita facilidade e está na cabeça do povo. Agora, eu quero é
ver quem pôs tirar da cabeça do
povo que não tem "mensalão'".
Sobre o trabalho das CPIs, Lula
disse que, se usadas politicamente, as comissões podem "perder a
credibilidade". E atacou o "momento" político: "Acredito piamente que nós estamos vivendo
um momento em que as insinuações às vezes não têm respaldo no
dia seguinte, mas vão ganhando
corpo, e vão ganhando corpo e
vão ganhando corpo".
Na entrevista, em resposta à Rádio Guaíba, do Rio Grande do Sul,
o presidente afirmou que defende
o encerramento da CPI dos Correios antes de abril. "O que nós
entendemos é que a CPI dos Correios poderia ser adiada por mais
um mês, até dezembro, sei lá. Ora,
quando se pede o adiamento até
abril, no nosso entendimento tem
um componente político muito
forte, já dito pelos nossos adversários. O que disseram os nossos adversários do PFL e do PSDB? Que
eles querem fazer o governo sangrar até as eleições."
PT
Questionado pela Rádio Metrópole, Lula disse que o PT, por ser
um partido "novo", vai superar a
atual crise e "renascer" nas eleições. "É verdade que o PT passa
por momentos críticos, mas é verdade que a prévia [eleição] do PT
demonstrou que o PT tem muito
vigor." E completou: "E é muito
importante que aconteçam essas
coisas com o PT enquanto o PT é
novo. Aqueles que cometeram erros pagarão, e já estão pagando o
preço, mas o PT é muito grande, o
PT está espraiado por esse território nacional como nunca um partido esteve, nos mais diferentes e
nos mais longínquos lugares em
que você for, você vai encontrar
alguém com a bandeira do PT. Isso, durante a campanha, renasce
com um vigor enorme e renasce
para defender as políticas que o
governo está fazendo."
FHC
Respondendo às rádios Gaúcha e
Itatiaia, esta de Minas Gerais, o
presidente atacou seu antecessor,
Fernando Henrique Cardoso
(1995-2002). Primeiro, acusou-o
de promover uma "gastança" em
ano eleitoral. "Já tivemos momentos, e muitos momentos na
história do Brasil em que, em época de eleição, se fazia uma gastança enorme e, depois, a pessoa ficava no governo, ganhava as eleições e não conseguia governar o
segundo mandato porque não
conseguia pagar a dívida que tinha contraído para se reeleger."
Sobre ataques de FHC, que cobrou menos ortodoxia na condução da política econômica, disse:
"Existem os números de oito anos
de mandato dele, e os números de
36 meses meus. E os números falam por si só. (...) Não existe comparação e fico satisfeito que, não
sendo presidente, ele pensa de
forma mais progressista do que
quando exerceu o mandato".
OPOSIÇÃO
Lula atacou seguidas vezes a oposição. Respondendo à Rede Verdes Mares, disse que "tem gente
que não se contenta em ver o Brasil dar certo". Depois, à rádio Jornal do Commercio, disse que, na
condição de presidente, possui limites no embate com a oposição.
"Isso não me permite fazer política rasteira", falou, sobre as ameaças de surra feitas por congressistas. E lamentou: "O presidente da
República é acusado e não pode
processar um deputado porque
ele tem imunidade. Então, não
posso responder a esse baixo nível
da política nacional".
Sobre as disputas, disse duvidar
da existência de alguém mais "democrático" do que ele. "As divergências [no governo e na oposição] nós vamos resolver também.
Aliás, eu, em toda a minha vida,
eu duvido que tenha alguém mais
democrático do que eu." E elogiou o governador Aécio Neves
(PSDB-MG): "Eu acho que o governador Aécio Neves tem sido
um governador com comportamento exemplar na relação com o
governo federal".
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