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Empresas negam elo entre doações e ação parlamentar
Doadores citam deputados como "parceiros" em projetos no Congresso, mas contestam influência nas relatorias
Eike Batista, que lidera siderúrgica, diz que R$ 400 mil doados a campanha
de deputado "no fundo" eram para governador
DA REPORTAGEM LOCAL
Empresas doadoras das campanhas de deputados federais
reeleitos que atuaram em projetos ou comissões no Congresso Nacional de sua área de interesse negaram relação entre as
contribuições e as atividades
dos parlamentares.
O empresário Eike Batista,
do grupo de mineração EBX,
avaliado no mercado, segundo
ele, em US$ 2 bilhões, disse que
sua doação destinava-se ao tio
do deputado federal Vander
Loubet (PT-MS), o governador
de Mato Grosso do Sul, Zeca do
PT. Segundo o empresário, seu
grupo pretendeu colaborar
com políticos para impedir que
licenças ambientais para seus
empreendimentos sejam recusadas "por razões políticas".
"O lema do nosso grupo tem
sido transparência para ter o
direito de cobrar transparência", disse Batista. A doação a
Loubet foi de R$ 400 mil.
O presidente da Serasa (sociedade por ações de capital fechado que tem 58 instituições
financeiras como acionistas),
Elcio Anibal de Lucca, informou que as doações foram feitas a candidatos que procuraram a Serasa, e não o contrário.
"Não houve vinculação com a
CPI. A maioria [dos deputados]
tem alguma atuação relacionada à atividade da Serasa, à expansão de crédito, tecnologia
de informação, defesa do consumidor", disse Lucca, por
meio de sua assessoria.
Parceria
O presidente da NTC (Associação Nacional do Transporte
de Cargas e Logística), Geraldo
Vianna, disse ter levado em
conta "a antiga militância" dos
parlamentares no setor. "O deputado Negromonte há muitos
anos que nos acompanha. O
[deputado] Gonzaga tem sido
também um grande parceiro
nosso", disse Vianna.
O Banco BMG negou, por
meio de sua assessoria, que sua
doação ao deputado Pompeo de
Mattos (PDT-RS), integrante
da extinta CPI dos Correios, tenha conexão com o trabalho do
parlamentar na comissão.
"O BMG não discutirá o mérito de doações específicas, limitando-se a esclarecer que todas foram feitas em período
posterior à aprovação do relatório final da CPI dos Correios,
não tendo, por óbvio, influência no seu resultado", informou
a assessoria, em nota.
A cervejaria Schincariol informou, em nota, "que realizou
doações para campanhas políticas em 2006 para candidatos
provenientes de regiões onde a
empresa tem atuação. Os critérios utilizados (...) são baseados
na crença da empresa de que o
político trabalhará em prol das
comunidades onde atua e da
sociedade em geral."
Em nota, a Companhia Vale
do Rio Doce afirmou: "As doações para campanhas políticas
fazem parte do processo de fortalecimento das instituições
democráticas brasileiras. Todas as doações da Vale do Rio
Doce foram feitas rigorosamente dentro da legislação
eleitoral, devidamente registradas e atendendo a um amplo
espectro de partidos políticos".
A assessoria de imprensa da
Embraer informou que doação
de campanha "é um assunto
que a empresa não comenta".
A Petróleo Ipiranga informou que não vai se manifestar
sobre as doações. Mesmo procedimento da multinacional
Alliance One Tabaco.
A fabricante de armas Taurus
informou que deverá se manifestar sobre as doações amanhã. A CBC (Companhia Brasileira de Cartuchos) informou
que se manifestaria, mas não
houve sucesso nas tentativas de
contato com o celular da pessoa
autorizada a se pronunciar. A
assessoria da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) procurada na última sexta-feira,
não foi localizada.
(RV E LB)
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