|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Memória
Movimento ficou conhecido após massacre no Pará
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O MST nasceu nas regiões
Sul e Sudeste, ganhou corpo
no Nordeste, avançou no
Centro-Oeste, mas o fato que
o tornou conhecido no Brasil
e no exterior ocorreu no
Norte, palco de conflitos e de
pessoas nada ou pouco ligadas à origem do movimento.
Em 17 de abril de 1996, no
sudeste do Pará, integrantes
do MST que participavam de
uma marcha foram encurralados por policiais militares
nos dois sentidos de uma rodovia e se transformaram em
vítimas do massacre de Eldorado do Carajás.
O saldo foi de 19 sem-terra
assassinados e outros 69 feridos. O movimento ganhou
nome, e a reforma agrária,
simpatizantes. A essência do
episódio, no entanto, tinha
pouco das raízes do movimento e do tipo de conflito
ao qual estava acostumado.
No Norte, onde o MST mal
está organizado, grilagem,
madeireiros, trabalhadores
escravos e ex-garimpeiros
integram o cenário.
Os militantes que preenchiam aquela marcha eram
quase todos ex-garimpeiros,
a maioria migrantes maranhenses. Homens e mulheres que encontraram no movimento uma expectativa de
dias melhores em meio ao fechamento de Serra Pelada e
ao fim da corrida pelo ouro.
Um perfil absolutamente
diferente da base de origem
ao movimento, dos "colonos" sulistas, dos "trabalhadores rurais" paulistas e dos
"lavradores" nordestinos.
Em geral, sem-terra desempregados pela mecanização
agrícola ou "expulsos" de pequenas propriedades devido
ao crescimento familiar.
Violência real
Segundo dados da Comissão da Pastoral da Terra tabulados pela Folha, 60% dos
assassinatos no campo estão
concentrados na Amazônia
Legal (Estados do Norte,
Mato Grosso e parte do Maranhão). Entre 1985 e 2007,
dos 1.508 assassinatos motivados por conflitos fundiários, 905 ocorreram nessa
região. O Pará lidera a lista,
com 30% das mortes no país.
Uma prova de que o MST
está distante da chamada
"violência real" é que, das
2.190 invasões entre 2000 e
2007, 153 (7%) ocorreram na
Amazônia Legal, sendo 59
(4%) no Pará.
"Os conflitos do Sul e do
Sudeste, onde têm a atuação
do MST, são mais organizados e normalmente focam
muito a improdutividade das
fazendas. Eles planejam
muito bem", afirma Ailson
Machado, assessor de mediação de conflitos agrários
da Secretaria Especial dos
Direitos Humanos da Presidência da República.
"Já os conflitos no Norte
do país são muito desorganizados e contêm uma variedade muito grande do perfil
de pessoas."
(EDUARDO SCOLESE)
Texto Anterior: Encontro deve ter tom crítico ao governo Lula Próximo Texto: Governo veta festa na periferia durante Fórum Social no Pará Índice
|