São Paulo, quarta, 20 de janeiro de 1999

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Deputado acusa pepebista

da Sucursal de Brasília

O clima de tensão na Câmara provocou atrito entre parlamentares da base aliada do governo. O deputado Jair Bolsonaro (PPB-RJ) acusou o deputado Ricardo Barros (PPB-PR) de ter tentado comprar o seu voto. Enquanto o ministro Waldeck Ornélas (Previdência) dava entrevista no Salão Verde da Câmara, Bolsonaro gritava para os jornalistas. "Tentaram comprar o meu voto. Tentaram comprar a minha ausência."
Bolsonaro afirmou que Barros pediu para que ele se ausentasse da votação já que havia manifestado a intenção de votar contra a proposta. A denúncia quase provocou uma briga entre os dois no gabinete do presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP).
Os dois foram levados para a sala do presidente pelo líder do partido, Odelmo Leão (PPB-MG). Bolsonaro disse que não havia falado em compra, mas em negociação em torno da votação. Barros confirmou que havia falado com o colega no dia anterior, mas para convidá-lo para um jantar da bancada.
"Se fosse para salvar o país, daria até a minha cueca, mas não vou dar dinheiro para agiota internacional", disse Bolsonaro.
O líder do PFL, Inocêncio Oliveira (PE), perdeu a tranquilidade quando defendia o adiamento do projeto sobre união civil entre homossexuais, o chamado casamento gay. Um jornalista iniciou uma pergunta: "O sr., um deputado de Serra Talhada..." , mas Inocêncio interrompeu irritado.
"Sou um deputado de nível nacional. Estou há quatro anos na liderança do partido e fui presidente da República 64 vezes. Exijo respeito", afirmou o líder. Depois, Inocêncio reuniu a imprensa para esclarecer que, na realidade, havia exercido a Presidência interinamente 12 vezes, por 64 dias.
O projeto que permite a união entre homossexuais provocou confusões desde o início da manhã. O deputado evangélico Philemon Rodrigues (PTB-MG) procurou o líder da bancada, Paulo Heslander (MG), e avisou que, se esse projeto não fosse retirado da pauta, votaria contra a contribuição previdenciária dos inativos.
Heslander ligou para o líder do governo na Câmara, Arnaldo Madeira (PSDB-SP), e avisou da rebelião evangélica. Heslander também estava contra a decisão de Temer de colocar o projeto em votação em uma sessão polêmica.
"Isso não é hora de fazer agrado", disse o líder do PTB, referindo-se a uma possível intenção de Temer de agradar Marta Suplicy (PT-SP), autora do projeto.
A oposição provocou constrangimento na reunião de líderes ao propor a retirada das emendas individuais e de bancada ao Orçamento da União, num total de R$ 4,3 bilhões, como forma de compensar a rejeição do projeto de contribuição previdenciária dos servidores públicos.
O PT distribuiu um estudo mostrando o impacto das novas alíquotas nos salários e nas aposentadorias dos servidores. Um servidor inativo que recebe o benefício no valor de R$ 6.401, por exemplo, vai contribuir com R$ 1.301,25 com a Previdência. Com o desconto de R$ 1.042,43 do Imposto de Renda, vai receber líquido o valor de R$ 4.057,32. Atualmente, o servidor desse exemplo recebe R$ 5.000,73 em valor líquido.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.