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Pares de Severino avisam que cartilha mudou
JOSIAS DE SOUZA
COLUNISTA DA FOLHA
A assunção de Severino Cavalcanti (PP-PE) à presidência da
Câmara dos Deputados não pôs
fim ao motim congressual que
subjugou o governo. O levante
continua. De prontidão, o "baixo
clero" reúne as armas para responder a eventuais retaliações do
Palácio do Planalto.
"Nenhum parlamentar será
atingido sem que a nova Mesa Diretora, o presidente da Câmara
tome providências", eriça-se João
Caldas (PL-AL). "Se entrarem no
campo da chantagem, vai ter troco", afirma ele.
Há seis dias, Caldas era um soldado raso da Câmara. Na terça-feira, subiu à quarta secretaria da
Mesa Diretora. Sua ascensão alimentou-se dos mesmos apoios
que impuseram Severino ao governo. Apoios tecidos com fios de
ressentimento. Caldas derrotou
Edmar Moreira (PL-MG), o preferido do Planalto.
Em entrevista à Folha, Caldas
contou detalhes de um plano urdido nos subterrâneos de uma
Câmara ainda em chamas. O presidente Lula, diz ele, terá tudo o
que quiser dos deputados. Mas
vai ter de rezar pela "cartilhazinha" dos rebeldes: "Tratar bem os
deputados, liberar as emendas
dos deputados... E nada de perseguição".
Severino e seus pares estão na
casamata juntos: "A mesa diretora está bem arrumadinha. Estamos fechadinhos, combinadozinhos", diz Caldas.
A Folha ouviu nos últimos dias
alguns deputados federais que
não costumam freqüentar o noticiário (leia textos abaixo). São o
que Caldas chama de parlamentares "vaso". Servem para "decoração". Não querem mais só compor o ambiente. E, para que o tiro
da eleição de Severino não lhes
saia pela culatra, empilham armamentos: de paralisação das votações a CPIs.
"Se você fizer uma CPI no Vaticano, pega o papa, que é um santo. Imagine aqui", diz Caldas.
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