São Paulo, domingo, 20 de fevereiro de 2005

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Pares de Severino avisam que cartilha mudou

JOSIAS DE SOUZA
COLUNISTA DA FOLHA

A assunção de Severino Cavalcanti (PP-PE) à presidência da Câmara dos Deputados não pôs fim ao motim congressual que subjugou o governo. O levante continua. De prontidão, o "baixo clero" reúne as armas para responder a eventuais retaliações do Palácio do Planalto.
"Nenhum parlamentar será atingido sem que a nova Mesa Diretora, o presidente da Câmara tome providências", eriça-se João Caldas (PL-AL). "Se entrarem no campo da chantagem, vai ter troco", afirma ele.
Há seis dias, Caldas era um soldado raso da Câmara. Na terça-feira, subiu à quarta secretaria da Mesa Diretora. Sua ascensão alimentou-se dos mesmos apoios que impuseram Severino ao governo. Apoios tecidos com fios de ressentimento. Caldas derrotou Edmar Moreira (PL-MG), o preferido do Planalto.
Em entrevista à Folha, Caldas contou detalhes de um plano urdido nos subterrâneos de uma Câmara ainda em chamas. O presidente Lula, diz ele, terá tudo o que quiser dos deputados. Mas vai ter de rezar pela "cartilhazinha" dos rebeldes: "Tratar bem os deputados, liberar as emendas dos deputados... E nada de perseguição".
Severino e seus pares estão na casamata juntos: "A mesa diretora está bem arrumadinha. Estamos fechadinhos, combinadozinhos", diz Caldas.
A Folha ouviu nos últimos dias alguns deputados federais que não costumam freqüentar o noticiário (leia textos abaixo). São o que Caldas chama de parlamentares "vaso". Servem para "decoração". Não querem mais só compor o ambiente. E, para que o tiro da eleição de Severino não lhes saia pela culatra, empilham armamentos: de paralisação das votações a CPIs.
"Se você fizer uma CPI no Vaticano, pega o papa, que é um santo. Imagine aqui", diz Caldas.


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