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Passado combativo é elogiado
da Reportagem Local
Ao analisar o passado, o anteprojeto da CNBB faz ressalvas às
ações dos padres Manuel da Nóbrega e José de Anchieta, os mais
célebres missionários jesuítas do
Brasil colonial.
Não apenas os dois sacerdotes
aparecem no documento. Outros
personagens e episódios históricos são citados com todas as letras. A carta segue, assim, caminho diferente do que adotou João
Paulo 2º há uma semana, quando
pediu perdão em Roma pelos pecados da igreja. O papa lamentou
as perseguições contra os judeus e
as mulheres, por exemplo, mas
evitou mencionar personalidades
e acontecimentos específicos.
Refletindo sobre os jesuítas, o
texto da CNBB louva a postura
"decidida e heróica" daqueles que
se opuseram à escravização indígena. Em contrapartida, assinala
que os missionários, na esperança
de "transmitir a fé cristã", nem
sempre respeitaram "as crenças e
os valores" das populações nativas. Padre Manuel da Nóbrega
defendia o aldeamento "de índios
nômades ou seminômades". E
"mesmo um homem santo como
Anchieta" não resistiu a uma "atitude, às vezes, de imposição".
Quando trata dos negros, a carta é bem mais incisiva. Registra
que a causa abolicionista não mereceu "o empenho dos cristãos" e
que, "até meados do século 20,
subsistiram preconceitos nas instituições católicas com relação
aos descendentes de africanos".
O anteprojeto vê como "positiva" a separação jurídica entre clero e Estado, tão logo o Império
caiu. Se, por um lado, o fato retirou do catolicismo o "reconhecimento de religião oficial", por outro, lhe garantiu "maior liberdade". Também recebe elogio a encíclica "Rerum Novarum", que o
papa Leão 13 lançou em 1891 e
que possibilitou o surgimento de
uma igreja mais sensível às injustiças sociais.
A carta destaca, ainda, o papel
do padre Júlio Maria e do cardeal
Sebastião Leme durante as primeiras décadas da República.
Ambos cobravam dos leigos católicos interferência direta nos rumos políticos do país.
Outro nome que o documento
exalta é o do operário paulista
Santo Dias da Silva, morto pela
polícia em 1979, enquanto participava de uma greve.
(AA)
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