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ANÁLISE
PT repete política industrial de FHC
GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Com uma frase quase casual, o
ministro Guido Mantega (Planejamento) revelou ontem que mudou a concepção do governo Lula
para a política industrial -e, em
vez da mudança projetada originalmente, o novo entendimento
coincide com o adotado nos anos
Fernando Henrique Cardoso.
Durante a entrevista concedida
para relatar a reunião ministerial,
Mantega afirmou que as medidas
de política industrial previstas no
planejamento estratégico do governo serão "horizontais, fundamentalmente".
Traduzindo, trata-se de providências voltadas para a indústria
como um todo, sem privilegiar setores específicos. Ele mesmo
exemplificou: melhorias na infra-estrutura, ampliação do crédito.
O programa de governo do PT,
que dava grande importância ao
tema, prometia uma política "seletiva e vertical" -ou seja, seriam
definidos setores estratégicos, como o eletroeletrônico, para uma
ação agressiva destinada a estimular as exportações e a substituição de importações por produção nacional.
Não é uma diferença banal. A
ressurreição das políticas verticais
foi, nos últimos anos e na campanha eleitoral, uma das principais
bandeiras dos partidários de uma
ação intervencionista do Estado.
No governo FHC, o tema opôs a
equipe do ex-ministro Pedro Malan (Fazenda), defensora da política horizontal, e os chamados
"desenvolvimentistas", como os
ex-ministros José Serra (Planejamento e Saúde), Luiz Carlos Mendonça de Barros (Comunicações)
e Bresser Pereira (Administração). A visão de Malan, como se
sabe, foi vencedora.
O pensamento liberal rejeita a
política vertical por considerar
que cabe ao mercado definir vencedores e perdedores no jogo econômico; já a esquerda brasileira
historicamente defendeu a intervenção estatal para equacionar a
dependência do país em relação
ao capital externo.
Durante a campanha, o compromisso de uma nova política
industrial foi um dos principais
pontos de convergência entre Lula e o empresariado. Não por acaso, Luiz Fernando Furlan, da Sadia, foi escolhido para o Ministério do Desenvolvimento.
Até agora, porém, o governo
não deu um sinal claro do que
pretende fazer. Somente na semana retrasada, por exemplo, Furlan
nomeou os quatro secretários responsáveis pelas políticas industrial e de comércio exterior.
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