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São Paulo, quinta-feira, 20 de março de 2003

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ALIANÇA DIFÍCIL

A dois dias da reunião de líderes com Lula para discutir apoio, Renan e Bezerra atacam condução da reforma agrária

Quase aliado, PMDB critica ações do governo

Lula Marques/Folha Imagem
O senador Renan Calheiros (PMDB-AL), que encontrará Lula na 6ª


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Às vésperas de um almoço com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para discutir sua participação na base de sustentação política do Planalto, o PMDB endureceu o discurso, declarou-se independente e expôs suas diferenças com o novo governo.
Em duas ocasiões, ontem, a sigla criticou a condução da política de reforma agrária do governo petista. Pela manhã, por exemplo, na reunião da Executiva Nacional, o ex-senador Carlos Bezerra condenou a proposta de revisão da legislação que trata da vistoria de terras invadidas.
À tarde, em discurso no plenário do Senado no qual declarou que o PMDB passará a adotar uma posição de independência, enquanto negocia seu apoio ao governo, o líder Renan Calheiros (AL) disse: "Politizar a reforma agrária gera confrontos, desmonta estruturas produtivas e desmoraliza as instituições".
Renan disse que o PMDB apoiará as reformas que "a sociedade quer", o que não quer dizer, ressaltou, "que as propostas do PT são as mesmas do PMDB". Segundo ele, a sigla quer discutir o apoio ao governo em termos programáticos. "O PMDB não quer se servir do governo, mas servir ao país", disse, negando que a legenda esteja atrás de cargos.
Além de criticar a condução da política de reforma agrária, ele cobrou do governo o cumprimento de um acordo feito para a aprovação da MP 66, que permitia a prorrogação do Refis (programa de refinanciamento de dívidas).
Para o líder do governo, Aloizio Mercadante (SP), que falou em seguida, a derrubada dos vetos do Planalto à MP 66, entre outros coisas, praticamente anistiaria uma dívida fiscal de R$ 15 bilhões da Febraban (Federação Brasileira das Associações de Bancos).

"Juntos"
Mercadante, no entanto, declarou-se otimista em relação ao encontro dos dirigentes peemedebistas com Lula. Segundo o petista, se as exigências do PMDB forem efetivamente programáticas, "nós estamos juntos".
"Temos de construir a presença do PMDB em todos os níveis de governo, inclusive no ministério." Ele deixou claro que se trata de um processo que deve começar com a discussão programática e ser concluído mais adiante com a integração do PMDB ao governo.
O presidente do Senado, José Sarney (AP), e os líderes Renan e Eunício Oliveira (CE) participarão do almoço com Lula na sexta. O presidente deve propor a participação do PMDB num fórum de dirigentes partidários cujo desenho ainda não está claro.
O Planalto tem dificuldades para definir o modelo. A inclusão de presidentes de partidos, por exemplo, levaria Leonel Brizola (PDT) para as reuniões -o que o governo não quer.


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