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São Paulo, quinta-feira, 20 de março de 2003

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BAHIAGATE

Para senador pefelista, Juvêncio da Fonseca (PMDB) não tem isenção para julgá-lo por ser seu "inimigo pessoal"

Presidente do Conselho de Ética foi "faccioso", diz ACM

RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) acusou ontem o peemedebista Juvêncio da Fonseca (MS) de ter sido ""faccioso" na presidência da reunião do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da terça-feira, que aprovou o início da investigação de sua suposta participação nos grampos telefônicos da Bahia.
Pondo fim ao silêncio ao qual se impôs desde que reassumiu suas atividades no Senado, no dia 12, após duas semanas de recolhimento na Bahia, ACM afirmou também que Fonseca e outros dois integrantes do conselho -Heloísa Helena (PT-AC) e Ramez Tebet (PMDB-MS)- não têm isenção para julgá-lo porque são seus "inimigos pessoais".
ACM disse que, "de certa forma", esperava a aprovação da sindicância. Para ele, a reunião do conselho transcorreu dentro da "normalidade", exceto pelo comportamento de Fonseca.
"Foi faccioso. Nunca se viu uma condução desse tipo", afirmou, referindo-se ao fato de Fonseca ter defendido a imediata abertura da sindicância e interrompido a argumentação de Romeu Tuma (PFL-SP) a favor de que o conselho aguardasse a conclusão do inquérito da Polícia Federal.
Apesar das críticas, ACM não pretende pedir o afastamento dos três do Conselho de Ética. Segundo ele, "esse é um problema de foro íntimo e uma questão partidária". Fonseca, Heloísa e Tebet, procuraram evitar confronto com ACM. "A decisão [de abrir a sindicância] foi coletiva. Não foi minha. Estou tranquilo. Não quero nem comentar", disse Fonseca.
"Esse assunto, discuto no Conselho de Ética", disse Heloísa. Mas perguntou: ""E os [integrantes do conselho] que são amigos dele? Têm isenção para julgar?". O mais próximo de ACM no conselho é Rodolpho Tourinho (PFL-BA), membro do seu grupo político. Tebet disse não querer entrar em "polêmica pessoal" com ACM.
O conselho decidirá hoje o cronograma dos trabalhos e a ordem de convocação das testemunhas do caso. O relator, Geraldo Mesquita Júnior (PSB-SC), disse considerar 30 dias um prazo suficiente para a conclusão da apuração.
Há articulação entre governistas e oposicionistas para que o conselho convoque o delegado da Polícia Federal Gesival Gomes de Souza, responsável pelo inquérito sobre os grampos, e aguarde a conclusão da investigação policial antes de prosseguir com o caso.
Ontem a PF indiciou por falsificação de documento público e escuta ilegal o policial civil Edmilson Bispo dos Santos. Outros três já foram indiciados pelos mesmos crimes -o delegado especial Valdir Barbosa, seu assessor Alan Farias e o policial Alberto Fernandes. De março a setembro do ano passado, por determinação da Secretaria da Segurança Pública da Bahia, 133 números telefônicos foram grampeados no Estado. Todos os pedidos foram encaminhados à Justiça por Barbosa.


Colaborou LUIZ FRANCISCO, da Agência Folha em Salvador


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