LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

O cartório utilizado por Simeão Damasceno de Oliveira para registrar sua retratação em relação às denúncias que apresentou contra Paulo Maluf (PPB) foi indicado por um dos advogados do ex-prefeito, Ricardo Tosto.
A informação -que foi confirmada por Tosto- partiu do escrevente Guilherme Florence, ouvido ontem pelo Ministério Público paulista. Segundo o escrevente, Tosto ligou três horas e meia antes de Oliveira chegar ao cartório, no último dia 27.
"Ele [Tosto] não mencionou a natureza da declaração nem a pessoa que a faria. Disse que algumas pessoas iriam me procurar no 12º Cartório de Notas e que mencionariam o nome dele", afirmou Florence, segundo quem, Tosto é "cliente de longa data".
Em sua declaração em cartório, Oliveira disse não ter provas de que Maluf recebeu propina e remeteu dinheiro para o exterior, como havia acusado há menos de um ano. Ele atribuiu suas denúncias à falta de "serenidade" no momento das declarações.
O advogado de Maluf disse ter indicado o cartório por uma simples questão de cautela, já que estava processando Oliveira por danos morais. "Um advogado de Simeão me procurou e disse que seu cliente queria retirar as acusações. Pedia apenas para que Maluf desistisse da ação. Aceitei desde que a declaração fosse registrada em um cartório de minha confiança", disse Tosto.

"Armação"
A participação de Tosto na indicação do cartório e seu telefonema horas antes de Oliveira depor, no entanto, são fatos considerados importantes para Sílvio Marques, um dos promotores que investigam contas bancárias em nome de Maluf e de seus familiares na ilha de Jersey (paraíso fiscal no Canal da Mancha) -Maluf nega possuir ativos no exterior.
"Não temos dúvidas de que houve uma armação para dificultar o envio de documentos de Jersey e da Suíça para o Brasil", disse Marques -o envio de dados bancários é fundamental para que a Promotoria conclua a apuração.
"Nunca participei de armações, declarar isso é uma irresponsabilidade", disse o advogado de Maluf. Por conta disso, Tosto afirmou que irá acionar o promotor judicialmente.
O fato de Oliveira ter modificado seu depoimento, segundo a Promotoria, poderá confundir as autoridades de Jersey e da Suíça e, com isso, retardar o envio dos documentos bancários.


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