|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
AGENDA POSITIVA
Decisão foi tomada em reunião do presidente com ministros no Planalto à qual não foram Palocci e Dirceu
Lula manda desembargar obras paradas
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em reunião de quatro horas ontem no Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
disparou ordens a ministros para
desembargar obras paralisadas e
ao mesmo tempo tentar afastar o
governo da crise causada pelo caso Waldomiro Diniz.
A maior crise política do governo, que começou em 13 de fevereiro passado com a divulgação
de uma fita que derrubou Waldomiro, atingiu dois dos principais
ministros de Lula -José Dirceu
(Casa Civil) e Antonio Palocci Filho (Fazenda). Nenhum deles, porém, foi ao encontro de ontem.
Ambos estavam em São Paulo.
Dirceu está enfraquecido, mas
busca liderar uma "agenda de
emergência" para o governo. No
vídeo de 2002 que provocou a demissão, a pedido, do ex-braço direito do ministro da Casa Civil
Waldomiro Diniz, ele aparece pedindo propina a um empresário.
Já Palocci vê um antigo assessor,
Rogério Buratti, no centro de outro caso. Waldomiro teria sugerido a uma empresa que o contratasse em troca da renovação de
um contrato com a Caixa Econômica Federal.
A ordem de agilidade e rapidez
de Lula aos ministros é também
uma resposta às recentes cobranças públicas de alguns integrantes
de sua equipe. Nesta semana, por
exemplo, Roberto Rodrigues
(Agricultura) apontou a paralisia
do governo, e Tarso Genro (Educação) pediu mais verbas.
Ontem foram ao Planalto os ministros Ciro Gomes (Integração
Nacional), Marina Silva (Meio
Ambiente), Olívio Dutra (Cidades), Alfredo Nascimento (Transportes), representantes do Ministério de Minas e Energia e do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e o presidente da
Petrobras, José Eduardo Dutra.
Após a reunião, Ciro Gomes
disse que o presidente, no contato
de ontem, "descobriu um bloco
de obras paralisadas", como, segundo ele, 18 usinas hidrelétricas,
15 ramais de gasodutos e cerca de
10 mil km de rodovias, além de
questões ferroviárias e portuárias.
Para desvincular o governo da
crise, que a cada semana ganha
novos capítulos, Lula estaria disposto a sair a campo para acelerar
o desembargo das obras, inclusive
negociando entraves com Judiciário, Ministério Público e governos
estaduais. "Se [a obra] tem problema, o presidente determinou
uma ação dos ministros. Se o problema está com o Judiciário, haverá negociação. O presidente
disparou ordens a todos nós."
Segundo Ciro, o presidente
quer, a partir de agora, que todas
as licitações e créditos do BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) somente sejam aprovadas e liberados com uma prévia comprovação de sustentabilidade. "O presidente não vai mais tolerar obra
iniciada que seja interrompida."
Ciro disse que, das 33 usinas hidrelétricas que o atual governo
encontrou paralisadas em janeiro
de 2003, 15 já estão com suas
obras em andamento. "Transgressões a leis e agressões ao ambiente são alguns dos motivos [da
paralisação]". Outra definição é a
de que o Ministério do Meio Ambiente poderá contratar novos
quadros para o Ibama, que hoje
conta com 71 técnicos.
Dizendo-se cansado e sem condições de lembrar de detalhes da
reunião, finalizada minutos antes
da entrevista, Ciro disse que só revelaria número tratados com Lula
"se tivesse um computador em
mãos". Disse ainda que não citaria exemplos: "Eu os conheço,
mas não quero falar".
Texto Anterior: D. Mauro ataca o Fome Zero e a política econômica Próximo Texto: Inteligência: Abin nega ingerência dos EUA após FBI dizer que agência "se prostitui" Índice
|