São Paulo, sexta, 20 de março de 1998

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REFORMA MINISTERIAL
Serra mantém suspense sobre resposta a presidente
Deputados fazem lobby para manter Albuquerque

MARTA SALOMON
da Sucursal de Brasília

O apoio de mais de uma centena de deputados aliados ao Planalto à permanência de Carlos Albuquerque no Ministério da Saúde tumultuou ontem as negociações da reforma ministerial marcada para o início de abril.
Convidado para o cargo, o senador José Serra (PSDB-SP) manteve o suspense sobre a resposta que dará ao presidente Fernando Henrique Cardoso. Ele minimizou o impacto do apoio que políticos governistas de quatro partidos (PSDB, PMDB, PFL e PPB) deram a Albuquerque.
"Não vou responder a isso", reagiu o senador. Mesmo diante das resistências, dirigentes do PSDB avaliam que a substituição de um tucano pelo outro não está inviabilizada.
"O PSDB apoiará a decisão do presidente e se reserva a participar da montagem do segundo governo. Não vale a pena entrar na disputa agora: precisamos de uma transição tranquila", resumiu o líder tucano na Câmara, Aécio Neves (MG), encarregado de informar FHC sobre a manifestação de apoio a Albuquerque que reuniu 60 dos 95 deputados do partido.
A pelo menos dois dirigentes tucanos, Serra disse que ainda não decidiu se irá ou não para a Saúde. O convite de FHC ainda está de pé, apesar da manifestação de apoio a Albuquerque.
Depois de 15 meses no cargo, onde chegou por indicação de Ruth Cardoso, mulher do presidente, Albuquerque viu ontem multiplicar-se seu apoio político.
O ministro mostrou disposição de ficar no cargo a um grupo de 19 deputados que levou ao ministério cópias de três documentos de apoio a sua permanência: o primeiro dirigido a FHC com assinaturas recolhidas no PSDB, o segundo endossado por 60 peemedebistas e um terceiro suprapartidário.
O manifesto público denuncia "a ação orquestrada por setores descontentes com o objetivo de comprometer os avanços em curso e manter a estrutura viciada do passado".
Traduzindo, os parlamentares defendem a política de descentralização administrativa do ministério, que repassa verbas às prefeituras.
Albuquerque disse que todo o mérito da política do ministério era do presidente e destacou duas tarefas que ainda tem pela frente: a regulamentação dos planos privados de saúde e a definição de um substituto da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) para financiar os gastos da Saúde.



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