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PFL enfrenta FHC para não perder em 99
KENNEDY ALENCAR
Editor do Painel
RAYMUNDO COSTA
do Painel, em Brasília
Ao liderar a reação contra a ida
do senador José Serra
(PSDB-SP) para o Ministério da
Saúde, o PFL fez o primeiro lance de uma estratégia desenhada
por sua cúpula para mostrar a
Fernando Henrique Cardoso
que não aceita perder espaço no
seu eventual segundo mandato
presidencial.
O senador Antonio Carlos Magalhães, liderança mais importante do PFL, já tem candidato a
ministro da Saúde para 99: o governador da Bahia, Paulo Souto.
ACM, em conversas no plenário
do Senado, já "nomeou" Souto
para o ministério. Também critica Albuquerque reservadamente. Ou seja: quer que ele fique, mas fraco para sair no ano
que vem.
Obedecendo a um roteiro traçado por ACM para fazer do filho e deputado federal Luís
Eduardo Magalhães governador
da Bahia neste ano e candidato a
presidente em 2002, Souto seria
acomodado na pasta da Saúde.
O próprio Luís Eduardo considera que o político que obtiver
resultados na Saúde terá boas
chances como candidato a presidente em 2002. Daí, o partido
tentar fechar a porta para Serra e
colocar lá um executivo completamente alinhado com as diretrizes de ACM.
O movimento do PFL contra
Serra também busca demonstrar ao PMDB que o partido está
disposto a comprar brigas pesadas para não perder espaço.
Além do PSDB, o PFL era o
único partido que participava
do núcleo da aliança que elegeu
Fernando Henrique em 94. Com
o crescimento do PMDB junto
ao presidente, após a vitória dos
governistas do partido na convenção do último dia 8, as lideranças pefelistas chegaram a
duas conclusões:
1) O principal inimigo no Congresso é o PMDB. Cálculos das
lideranças governistas mostram
que o PSDB não deverá ameaçar
em 99 a hegemonia dos peemedebistas e pefelistas, que controlam, respectivamente, as presidências da Câmara e do Senado.
Estima-se que tucanos façam
uma bancada de 110 deputados
federais em outubro. Se atingirem 115, será uma surpresa.
Já o PMDB, que terá em 98 um
candidato a presidente favorito
e que possui oito governadores
de Estado, pode bater na casa
dos 130 parlamentares -número que o PFL estima que poderá
alcançar.
Até aí, estariam empatados,
mas a ameaça de tucanos e de
peemedebistas de se aliarem na
próxima legislatura assusta os
pefelistas, que se aproximaram
do PPB a fim de mostrar a Fernando Henrique que não querem perder espaço na sua base
de apoio e que podem até tomar
um rumo diferente caso haja
uma surpresa na campanha da
reeleição.
Com fama de profissionais da
política, a reunião dos caciques
PFL em Brasília na semana passada foi lida no Planalto como a
maior passada de recibo pública
para aproximação FHC-PMDB.
O presidente tem dito aos peemedebistas que o futuro do partido é uma aliança com os tucanos.
2) Na ótica pefelista, dificilmente o PMDB terá um nome
com chance de disputar o Planalto em 2002 -os atuais caciques têm apenas densidade regional. Mas o PSDB possui três
nomes que, se tiverem um trampolim político, seriam adversários fortes em 2002: Serra, Tasso
Jereissati e Mário Covas.
O PFL teme que Serra tenha
bom desempenho em uma pasta
da área social, como a da Saúde.
Tasso Jereissati, governador
do Ceará que deve ser candidato
à reeleição, hoje é o tucano que
conta com a simpatia de FHC
para 2002. Se a emenda da reeleição não tivesse sido aprovada,
Tasso seria o candidato do presidente em 98.
Covas, se for reeleito governador de São Paulo, seria a figura
de maior densidade para concorrer, apresentando-se como a
verdadeira cara social-democrata que supostamente foi abandonada por FHC. Dos tucanos, é
o que tem a mais forte marca anti-PFL.
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