São Paulo, sexta, 20 de março de 1998

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QUESTÃO AGRÁRIA
Movimento manterá acampamentos em frente aos prédios do Incra e do Ministério da Fazenda
Governo aceita receber MST para negociar

da Sucursal de Brasília


O governo anunciou que vai se reunir com representantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) na próxima segunda-feira para receber suas reivindicações.
O movimento, porém, disse que manterá os acampamentos em frente aos prédios do Incra e do Ministério da Fazenda pelo país.
"Nós desocupamos os prédios como um sinal de aval ao governo para dar início às negociações, mas não vamos nos desmobilizar, e a vigília vai continuar até que o governo atenda nossas reivindicações", disse Gilberto Portes de Oliveira, da coordenação nacional do MST.
A decisão do governo de se reunir com o MST foi tomada no início da tarde de ontem em encontro entre os ministros Raul Jungmann (Política Fundiária) e Pedro Malan (Fazenda) e parlamentares do PT, PSDB e PMDB.
Participarão da reunião com o MST, na segunda-feira, o presidente do Incra, Milton Seligman, e o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Pedro Parente.
A resposta do governo deve sair na quarta-feira da semana seguinte, dia 1º de abril. Até lá, o MST diz que continuará com as manifestações e com a vigília em frente a prédios públicos.
Durante todo o dia de ontem, 250 integrantes do MST permaneceram reunidos em frente ao prédio do Ministério da Fazenda.
Oliveira e outros representantes do movimento contestaram os números apresentados pelo governo sobre a reforma agrária. Segundo eles, o número de famílias assentadas é a metade do que foi anunciado pelo governo.
A principal reivindicação do MST, segundo Oliveira, é o aumento do orçamento do Incra. Isso possibilitaria o aumento do teto para crédito do Procera (Programa de Crédito Especial para a Reforma Agrária), de R$ 7.500 para R$ 17,6 mil, e o aumento dos recursos de alimentação, fomento e habitação.
Oliveira disse que essas reivindicações existem desde agosto de 95 e negou que o MST tivesse saído satisfeito da reunião com o governo em novembro de 97, como disse Jungmann anteontem.
Sobre o anúncio do pacote verde, que, entre outras medidas, limita a reforma agrária na região amazônica a áreas já desmatadas, ele disse que o governo deve dar as condições para que a área desmatada possa tornar-se produtiva.
O movimento prepara também uma mobilização nacional para o dia 17 de abril, aniversário de dois anos da morte de 19 trabalhadores rurais em Eldorado do Carajás (PA).



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