|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
QUESTÃO AGRÁRIA
Movimento manterá acampamentos em frente aos prédios do Incra e do Ministério da Fazenda
Governo aceita receber MST para negociar
da Sucursal de Brasília
O governo
anunciou que
vai se reunir
com representantes do MST
(Movimento
dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) na próxima segunda-feira para receber
suas reivindicações.
O movimento, porém, disse que
manterá os acampamentos em
frente aos prédios do Incra e do
Ministério da Fazenda pelo país.
"Nós desocupamos os prédios
como um sinal de aval ao governo
para dar início às negociações,
mas não vamos nos desmobilizar,
e a vigília vai continuar até que o
governo atenda nossas reivindicações", disse Gilberto Portes de
Oliveira, da coordenação nacional
do MST.
A decisão do governo de se reunir com o MST foi tomada no início da tarde de ontem em encontro entre os ministros Raul Jungmann (Política Fundiária) e Pedro
Malan (Fazenda) e parlamentares
do PT, PSDB e PMDB.
Participarão da reunião com o
MST, na segunda-feira, o presidente do Incra, Milton Seligman, e
o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Pedro Parente.
A resposta do governo deve sair
na quarta-feira da semana seguinte, dia 1º de abril. Até lá, o MST diz
que continuará com as manifestações e com a vigília em frente a
prédios públicos.
Durante todo o dia de ontem,
250 integrantes do MST permaneceram reunidos em frente ao prédio do Ministério da Fazenda.
Oliveira e outros representantes
do movimento contestaram os
números apresentados pelo governo sobre a reforma agrária. Segundo eles, o número de famílias
assentadas é a metade do que foi
anunciado pelo governo.
A principal reivindicação do
MST, segundo Oliveira, é o aumento do orçamento do Incra. Isso possibilitaria o aumento do teto
para crédito do Procera (Programa de Crédito Especial para a Reforma Agrária), de R$ 7.500 para
R$ 17,6 mil, e o aumento dos recursos de alimentação, fomento e
habitação.
Oliveira disse que essas reivindicações existem desde agosto de 95
e negou que o MST tivesse saído
satisfeito da reunião com o governo em novembro de 97, como disse Jungmann anteontem.
Sobre o anúncio do pacote verde, que, entre outras medidas, limita a reforma agrária na região
amazônica a áreas já desmatadas,
ele disse que o governo deve dar as
condições para que a área desmatada possa tornar-se produtiva.
O movimento prepara também
uma mobilização nacional para o
dia 17 de abril, aniversário de dois
anos da morte de 19 trabalhadores
rurais em Eldorado do Carajás
(PA).
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|