São Paulo, terça, 20 de maio de 1997.



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REELEIÇÃO
Sergio Amaral admite que "imagem do governo ficou arranhada" com gravações sobre a compra de votos
FHC não vai impedir CPI, diz porta-voz

da Sucursal de Brasília


O porta-voz da Presidência da República, Sergio Amaral, disse ontem que o governo não fez nem vai fazer nada para impedir a formação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que investigue a compra de votos favoráveis à reeleição.
Mas, segundo Amaral, a CPI não é necessária. Ele afirmou que a comissão de sindicância instalada pela Câmara é o "foro adequado" para investigar as denúncias.
Deputados do Acre, em conversas gravadas publicadas pela Folha na semana passada, afirmaram que venderam seus votos a favor da reeleição. O deputado João Maia (sem partido-AC) disse que o ministro Sérgio Motta (Comunicações) participava do esquema.
De acordo com o porta-voz, o governo "não tem nada a esconder" e deseja que os corruptores sejam investigados.
Segundo ele, a comissão de sindicância é para investigar os deputados "num processo de corrupção que tem de também ter a investigação dos corruptores. É preciso esperar o resultado da comissão e não se prejulgar".
"Uma CPI pode criar uma grande concentração do foco da atividade parlamentar na própria CPI", completou o porta-voz.
Ele reafirmou que cabe à Câmara apurar o caso e disse que um dos problemas da denúncia é o fato de ser uma acusação anônima.
Popularidade
O porta-voz considerou "lamentável" a possibilidade de queda da popularidade do governo com o episódio.
"A imagem do governo, é verdade, ficou arranhada, como ficou no caso do Sivam (Sistema Integrado de Vigilância da Amazônia) e do Proer (programa de ajuda aos bancos), e em ambos os casos se mostrou que não havia fundamentos para isso", disse Amaral.
Segundo ele, as afirmações feitas pelos deputados do Acre, em conversas gravadas, envolvendo Sérgio Motta e o secretário-executivo do Ministério dos Transportes, José Luiz Portella, no esquema, não têm fundamento.
"O governo não se move por imagem nem por popularidade, mas por suas convicções", afirmou Sergio Amaral.
Pronunciamento
Sobre a hipótese de um pronunciamento oficial do presidente Fernando Henrique Cardoso sobre o caso, Amaral disse que há mais de um mês FHC estuda falar em cadeia nacional sobre as reformas.
O porta-voz afirmou que não está decidido quando será o pronunciamento do presidente. (AUGUSTO GAZIR)



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