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RETÓRICA OFICIAL
Presidente busca marcar 500 dias de governo mostrando realizações
Lula convoca cadeia de rádio
e TV para melhorar imagem
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Com a imagem do governo desgastada depois da polêmica com o
correspondente do "New York
Times" e com o aumento das críticas à política econômica, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fará hoje seu quarto pronunciamento em rede nacional de rádio
e TV para marcar os 500 dias de
governo, completados no último
dia 14. Lula dirá que a economia já
apresenta sinais de aquecimento e
que o país voltou a crescer.
Na área econômica, as principais críticas feitas ao governo são
a demora na redução dos juros e
na retomada do crescimento.
O último pronunciamento de
Lula foi feito em 15 de agosto de
2003, um dia após a aprovação da
reforma da Previdência pela Câmara. A gravação do programa
que irá ao ar hoje foi ontem à tarde na sala de audiências do Planalto e durou cerca de duas horas.
"O país avançou", dirá Lula. O
objetivo é apresentar um balanço
positivo do governo, que enfrenta, desde fevereiro último, sucessivas crises e vem sendo alvo de
críticas. A mais comum é uma suposta paralisia na administração.
O presidente ilustrará esse
avanço da economia, no programa, com a recuperação apresentada pelo PIB no primeiro trimestre deste ano. Em 2003, houve
uma queda de 0,2% em relação a
2002. A inflação, que está sob controle, também será mencionada.
Dados divulgados nesta semana
mostram que, em março, a produção industrial teve crescimento
em todas as regiões pesquisadas
na comparação com o mesmo
mês do ano passado. Em São Paulo, a expansão foi de 12,7%.
Lula citará ainda avanços na
área social, como a ampliação da
cobertura do Bolsa-Família. Falará dos sucessivos recordes do saldo da balança comercial, com superávit US$ 9,302 bilhões no acumulado do ano, considerado fruto do que o governo entende ser
uma política externa de sucesso.
O presidente também falará do
aumento do número de empregados com carteira de trabalho. Entre janeiro e abril, foram criados
535 mil empregos formais, recorde para o período desde o início
dessa pesquisa. Esses dados não
consideram o mercado informal
nem o número de pessoas procurando trabalho, levados em conta
nos índices de desemprego.
Desde fevereiro, Lula teve mais
problemas no campo político. O
escândalo Waldomiro Diniz estourou em 13 de fevereiro e ligou
o nome do ex-assessor do ministro José Dirceu (Casa Civil) a cobrança de propina, após a divulgação de uma gravação de 2002.
O caso do cancelamento do visto do correspondente do "NYT"
Larry Rohter é emblemático da
fase do governo. Pesquisa encomendada pelos próprios governistas mostrou que 70% dos entrevistados acham que a imagem
do país no exterior foi afetada.
No dia 9 deste mês, o jornal publicou texto de Rohter que afirma
que Lula abusa de bebidas alcoólicas. O governo cancelou o visto
dele e depois, quando o jornalista
lamentou os constrangimentos
gerados, revogou a decisão.
(GABRIELA ATHIAS E WILSON SILVEIRA)
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