São Paulo, quinta-feira, 20 de maio de 2004

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RETÓRICA OFICIAL

Presidente busca marcar 500 dias de governo mostrando realizações

Lula convoca cadeia de rádio e TV para melhorar imagem

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Com a imagem do governo desgastada depois da polêmica com o correspondente do "New York Times" e com o aumento das críticas à política econômica, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fará hoje seu quarto pronunciamento em rede nacional de rádio e TV para marcar os 500 dias de governo, completados no último dia 14. Lula dirá que a economia já apresenta sinais de aquecimento e que o país voltou a crescer.
Na área econômica, as principais críticas feitas ao governo são a demora na redução dos juros e na retomada do crescimento.
O último pronunciamento de Lula foi feito em 15 de agosto de 2003, um dia após a aprovação da reforma da Previdência pela Câmara. A gravação do programa que irá ao ar hoje foi ontem à tarde na sala de audiências do Planalto e durou cerca de duas horas.
"O país avançou", dirá Lula. O objetivo é apresentar um balanço positivo do governo, que enfrenta, desde fevereiro último, sucessivas crises e vem sendo alvo de críticas. A mais comum é uma suposta paralisia na administração.
O presidente ilustrará esse avanço da economia, no programa, com a recuperação apresentada pelo PIB no primeiro trimestre deste ano. Em 2003, houve uma queda de 0,2% em relação a 2002. A inflação, que está sob controle, também será mencionada.
Dados divulgados nesta semana mostram que, em março, a produção industrial teve crescimento em todas as regiões pesquisadas na comparação com o mesmo mês do ano passado. Em São Paulo, a expansão foi de 12,7%.
Lula citará ainda avanços na área social, como a ampliação da cobertura do Bolsa-Família. Falará dos sucessivos recordes do saldo da balança comercial, com superávit US$ 9,302 bilhões no acumulado do ano, considerado fruto do que o governo entende ser uma política externa de sucesso.
O presidente também falará do aumento do número de empregados com carteira de trabalho. Entre janeiro e abril, foram criados 535 mil empregos formais, recorde para o período desde o início dessa pesquisa. Esses dados não consideram o mercado informal nem o número de pessoas procurando trabalho, levados em conta nos índices de desemprego.
Desde fevereiro, Lula teve mais problemas no campo político. O escândalo Waldomiro Diniz estourou em 13 de fevereiro e ligou o nome do ex-assessor do ministro José Dirceu (Casa Civil) a cobrança de propina, após a divulgação de uma gravação de 2002.
O caso do cancelamento do visto do correspondente do "NYT" Larry Rohter é emblemático da fase do governo. Pesquisa encomendada pelos próprios governistas mostrou que 70% dos entrevistados acham que a imagem do país no exterior foi afetada.
No dia 9 deste mês, o jornal publicou texto de Rohter que afirma que Lula abusa de bebidas alcoólicas. O governo cancelou o visto dele e depois, quando o jornalista lamentou os constrangimentos gerados, revogou a decisão. (GABRIELA ATHIAS E WILSON SILVEIRA)

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