São Paulo, quinta-feira, 20 de maio de 2004

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POLÍTICA EXTERNA

Divulgação é feita a 2 dias da viagem de Lula ao país asiático, considerada a mais importante de sua gestão

Governo anuncia contratos Brasil-China

WILSON SILVEIRA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A dois dias da viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à China, considerada a mais importante deste governo, o Itamaraty anunciou ontem nove contratos entre empresas privadas que serão assinados durante a passagem do presidente pelo país asiático.
Os contratos vão desde a formação de joint venture para fabricação de bicicletas até a associação da Petrobras com sua congênere chinesa para exploração de petróleo em diversos países, principalmente no Equador e no Irã.
Os chefes do Departamento de Ásia e Oceania, Edmundo Fujita, e da Divisão de Operações de Promoção Comercial do Itamaraty, Rodrigo de Azevedo Santos, disseram também que o presidente vai defender a soja brasileira.
Na semana passada, o governo chinês barrou carregamentos de soja de quatro empresas brasileiras nos quais foi constatada a presença de agrotóxicos em sementes misturadas aos grãos. Fujita afirmou que, durante a visita de Lula, o governo brasileiro deixará claro que se trata de um caso isolado e dirá que tomou medidas para que o incidente não se repita.
A China é hoje um dos principais mercados da soja brasileira. Em 2003, foram exportadas cerca de 6,5 milhões de toneladas desse grão (por US$ 1,3 bilhão) e 500 mil toneladas de óleo de soja (US$ 256,4 milhões ). De janeiro a março deste ano, a exportação da soja em grão para o país asiático cresceu em mais de 100%, atingindo o valor de US$ 148 milhões.
O propalado desaquecimento da economia chinesa, de acordo com Fujita, não afeta a relação corrente entre os dois países, pelo menos a curto prazo. Segundo ele, é provável que haja alguma redução da atividade econômica, mas não se prevê um cenário catastrófico. "Que m está preocupado é quem joga em áreas voláteis. O que buscamos é um relacionamento estável, confiável e sadio, feito com calma e planejamento."
Ao todo, 574 representantes de 340 empresas se inscreveram para acompanhar o presidente na visita à China. Até ontem, 330 haviam confirmado a participação. O Itamaraty calcula que o número final fique em torno de 400. Trata-se da maior missão empresarial já organizada pelo governo brasileiro. Os empresários fretaram um avião e pagarão suas despesas.
Além deles, estão confirmados até agora na comitiva presidencial sete ministros e cinco governadores, os de MG, SP, BA, ES e PI.
No ano passado, a China virou o terceiro maior mercado para o Brasil. O comércio bilateral tem apresentado crescimento, passando de US$ 1,5 bilhão em 2000 para US$ 6,7 bilhões em 2003.
A gestão Lula também busca atrair a China para o grupo de países em desenvolvimento formado por Brasil, Índia e África do Sul. No mês passado, o governo brasileiro apoiou os chineses na Comissão de Direitos Humanos da ONU, evitando resolução que criticasse a situação no país asiático.

Contratos
Entre os contratos anunciados ontem, está um memorando de entendimentos entre a Telemar Norte Leste e a China Telecom no qual se comprometem a buscar acordo de serviços de telecomunicações para o provimento de serviços de voz, dados e internet.
Há ainda acordo de parceria entre a Varig e a Air China para operações regulares entre o Brasil e a China, com quatro vôos semanais; memorando de entendimento entre a Brasilinvest e o Citic Group, para fornecimento de consultoria à empresa chinesa; e acordos entre a Companhia Siderúrgica do Pará e a China Minmetals para compra de equipamentos e tecnologia no valor de US$ 40 milhões e exportação de produtos para o país asiático no valor de US$ 250 milhões, entre outros.
A área de interesse mais citada pelos empresários inscritos para a visita foi agricultura/pesca/pecuária (9%), seguida de tecnologia de comunicação e informação (7%).


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