São Paulo, domingo, 20 de junho de 2004

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Interpretações do conflito mudam com o tempo

DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

As interpretações sobre os fatos da Guerra do Paraguai variam de acordo com as diferenças geográficas e temporais. No Brasil, durante o regime militar, o evento era visto como positivo para o país. Nos anos 80, essa visão teve uma mudança: as interpretações predominantes indicavam um teor imperialista na atuação brasileira. Hoje, a visão é bem menos maniqueísta.
No Paraguai, a guerra, chamada de Guerra da Tríplice Fronteira, é vista como o eixo da decadência nacional. Solano López é tido como um herói, e não como um ditador, como no Brasil. A derrota levou o país guarani, até então passando por um pujante desenvolvimento autônomo, ao empobrecimento e ao comércio informal.
Quanto aos diversos aspectos específicos pelos quais o evento pode ser analisado, o das mulheres proposto na tese de Fernando Lóris Ortolan é um deles. Recentemente, na Argentina, um estudo antropológico mostrou que, antes da guerra, 30% da população de Buenos Aires era negra -e ela foi eliminada ao ser enviada para a batalha.
"Muitos temas não são apurados porque se teme abordar a guerra. É um tema polêmico até hoje, com interpretações e interesses difusos", diz Ortolan.
O conflito, entre 1864 e 1870, teve o Paraguai contra Brasil, Argentina e Uruguai. Começou quando o Brasil realizou uma intervenção armada no Uruguai. O presidente paraguaio, Solano Lopes, tentou agir como intermediador na disputa, o que o Brasil rechaçou. Então, López invadiu as fronteiras do Brasil (no hoje Mato Grosso do Sul) e da Argentina (em Corrientes). Em 1865, formou-se a Tríplice Aliança (Brasil, Argentina e Uruguai) para combater López, e a guerra só acabou com sua morte, em março de 1870. Mais de 1 milhão de pessoas morreram no conflito.


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