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Governo cria mais 626 cargos de confiança
Abertura de vagas do tipo DAS é a maior desde 2004; sob Lula, a quantidade dessas nomeações no Executivo bateu recorde
Medida provisória deverá elevar para 22 mil o número de vagas desse tipo; nova secretaria de Longo Prazo ficará com apenas 83 cargos
GUSTAVO PATU
PEDRO DIAS LEITE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo promoveu a maior
criação de cargos de confiança
desde a reforma ministerial de
janeiro de 2004, por meio de
uma medida provisória editada
um dia após o reajuste geral dos
valores pagos a essas funções.
Além das necessidades administrativas alegadas pelo Planalto, a combinação das duas
medidas facilitará as negociações políticas para a composição do governo e reforçará o
caixa do PT, que recebe parte
do salário dos filiados que ocupam cargos públicos.
Aproveitou-se a criação da
Secretaria de Planejamento de
Longo Prazo para introduzir na
máquina pública 626 cargos de
livre nomeação do tipo DAS
(Direção e Assessoramento Superiores), dos quais apenas 83
serão destinados à nova pasta.
O número supera a quantidade total de servidores concursados de ministérios como Cidades, Desenvolvimento Social, Esporte e Turismo.
Não se criavam tantos cargos
DAS de uma só vez desde 2004,
quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva editou MP
criando 1.321 cargos desse tipo.
Os DAS são usados para acomodar os encarregados das
funções de comando e gerenciamento do governo -por isso
mesmo, são cargos tipicamente
utilizados nas negociações com
os partidos da base aliada.
Sob Lula, a quantidade desses cargos no Executivo bateu
recorde. Com a MP recém-editada, o número deve ultrapassar a casa dos 22 mil, dos quais
pouco menos de 20 mil estavam ocupados até o final de
2006 -um crescimento de 10%
em relação ao governo FHC.
Nos DAS superiores, porém,
a taxa de aumento é bem maior.
No DAS-5, o segundo mais bem
remunerado, o número de cargos ocupados cresceu 42,4% no
governo petista. Esses cargos
ficaram mais atraentes graças
aos reajustes recém-concedidos, que vão de 32% a 139,8%.
A MP de ontem beneficiou
principalmente a Secretaria de
Patrimônio da União, vinculada ao Planejamento, que recebeu 224 cargos -a secretaria
tem 550 servidores de carreira.
Segundo a Folha apurou, outros beneficiados serão Sudam
e Sudene (144 cargos), Turismo
(52), Casa Civil (37), Fazenda
(11) e Advocacia Geral da União
(8). O custo anual estimado
com a criação dos novos cargos
é de R$ 23,2 milhões.
Só com o reajuste concedido
aos cargos de confiança, pelo
menos R$ 500 mil adicionais
por ano devem entrar nas contas do PT por conta do "dízimo" -a contribuição que todo
petista em cargo de confiança
deve recolher ao partido.
O PT tem cerca de 5.000 filiados em cargos de confiança
no Executivo federal. A grande
maioria está inadimplente, no
entanto. Segundo cálculos do
próprio partido, apenas 1.000
recolhem a contribuição, que
varia de 2% a 10%.
Colaborou FÁBIO ZANINI, da Sucursal de
Brasília
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