São Paulo, quinta-feira, 20 de julho de 2006

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Lula diz que perdeu o hábito de fazer campanha

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em seu primeiro ato eleitoral durante a semana desde que assumiu a candidatura, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que deseja "viajar menos" pelo país e que perdeu o "hábito" de fazer campanha.
Mas o presidente deu sinais de que mantém o ímpeto de candidato numa reunião a portas fechadas com 75 prefeitos, na noite de ontem. Num discurso de cerca de uma hora, Lula justificou o investimento em programas como o Bolsa-Família. Em resposta a Geraldo Alckmin (PSDB) -que prometeu investir em malha rodoviária-, Lula disse que, entre dar comida e construir estrada, fica com a primeira opção.
"A estrada pode esperar um ano", disse o presidente, segundo participantes da reunião.
De acordo com o prefeito de Niterói, Godofredo Pinto (PT), Lula repetiu que o governo de São Paulo "não tem política social". "Agora, no final, inventaram um programa, o Renda Cidadã, só para se contrapor ao Bolsa-Família", disse Lula, segundo o relato do prefeito.
Lula avisou que, em Estados onde seus aliados se digladiam, não participará de comícios, apenas de caminhadas.
Mais uma vez, Lula manifestou preocupação com as leis. Mais cedo, o presidente do PT, Ricardo Berzoini, insinuou que o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) teria beneficiado o candidato tucano na pré-campanha.

Ruas
Apesar das restrições, é grande a pressão para que Lula leve a campanha às ruas desde já. A começar pelo marqueteiro, João Santana. Em reunião com coordenadores, Santana disse que, mesmo tentando compatibilizar sua agenda com a de presidente, Lula tem que ir para as ruas. "Ele é bom nas ruas." Ele também adiantou que a marca do programa de Lula será apontar para o futuro. Segundo ele, não adianta listar indicadores econômicos.
Na entrevista antes do ato a portas fechadas, Lula defendeu uma campanha mais "militante" e disse que só vai começar a se dedicar de fato à disputa em agosto. "Fui candidato muitas vezes, mas perdi um pouco o hábito de ser candidato. Até porque a atividade de presidente exige da gente dedicação integral", disse.
A idéia, segundo o ministro Tarso Genro (Relações Institucionais), era que o encontro de ontem fosse um embrião para outro com mais de mil prefeitos a ser realizado em setembro. Ontem estavam presentes três pefelistas, entre eles a prefeita de São Gonçalo (RJ), Maria Aparecida Paissinet.
A declaração de Lula sobre as viagens vem num momento em que o PT o pressiona a dedicar-se mais à campanha, inclusive com atos após o expediente. "Presidente de segunda a sexta e candidato só nos sábados e domingos não dá", disse o senador Sibá Machado (PT-AC).
Hoje, pela primeira vez, o presidente vai usar o seu horário de trabalho para se dedicar à campanha. Às 9h, grava participação no programa eleitoral.
"Não posso privilegiar a campanha em detrimento do cargo de presidente, que é o mais importante em qualquer país do mundo", afirmou. (PEDRO DIAS LEITE, LETÍCIA SANDER E CATIA SEABRA)

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