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Lula diz que perdeu o hábito de fazer campanha
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em seu primeiro ato eleitoral
durante a semana desde que assumiu a candidatura, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
disse que deseja "viajar menos"
pelo país e que perdeu o "hábito" de fazer campanha.
Mas o presidente deu sinais
de que mantém o ímpeto de
candidato numa reunião a portas fechadas com 75 prefeitos,
na noite de ontem. Num discurso de cerca de uma hora, Lula justificou o investimento em
programas como o Bolsa-Família. Em resposta a Geraldo
Alckmin (PSDB) -que prometeu investir em malha rodoviária-, Lula disse que, entre dar
comida e construir estrada, fica
com a primeira opção.
"A estrada pode esperar um
ano", disse o presidente, segundo participantes da reunião.
De acordo com o prefeito de
Niterói, Godofredo Pinto (PT),
Lula repetiu que o governo de
São Paulo "não tem política social". "Agora, no final, inventaram um programa, o Renda Cidadã, só para se contrapor ao
Bolsa-Família", disse Lula, segundo o relato do prefeito.
Lula avisou que, em Estados
onde seus aliados se digladiam,
não participará de comícios,
apenas de caminhadas.
Mais uma vez, Lula manifestou preocupação com as leis.
Mais cedo, o presidente do PT,
Ricardo Berzoini, insinuou que
o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) teria beneficiado o candidato tucano na pré-campanha.
Ruas
Apesar das restrições, é grande a pressão para que Lula leve
a campanha às ruas desde já. A
começar pelo marqueteiro,
João Santana. Em reunião com
coordenadores, Santana disse
que, mesmo tentando compatibilizar sua agenda com a de presidente, Lula tem que ir para as
ruas. "Ele é bom nas ruas." Ele
também adiantou que a marca
do programa de Lula será apontar para o futuro. Segundo ele,
não adianta listar indicadores
econômicos.
Na entrevista antes do ato a
portas fechadas, Lula defendeu
uma campanha mais "militante" e disse que só vai começar a
se dedicar de fato à disputa em
agosto. "Fui candidato muitas
vezes, mas perdi um pouco o
hábito de ser candidato. Até
porque a atividade de presidente exige da gente dedicação integral", disse.
A idéia, segundo o ministro
Tarso Genro (Relações Institucionais), era que o encontro de
ontem fosse um embrião para
outro com mais de mil prefeitos a ser realizado em setembro. Ontem estavam presentes
três pefelistas, entre eles a prefeita de São Gonçalo (RJ), Maria Aparecida Paissinet.
A declaração de Lula sobre as
viagens vem num momento em
que o PT o pressiona a dedicar-se mais à campanha, inclusive
com atos após o expediente.
"Presidente de segunda a sexta
e candidato só nos sábados e
domingos não dá", disse o senador Sibá Machado (PT-AC).
Hoje, pela primeira vez, o
presidente vai usar o seu horário de trabalho para se dedicar à
campanha. Às 9h, grava participação no programa eleitoral.
"Não posso privilegiar a campanha em detrimento do cargo
de presidente, que é o mais importante em qualquer país do
mundo", afirmou.
(PEDRO DIAS LEITE, LETÍCIA SANDER E CATIA SEABRA)
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