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Câmara de São Paulo revoga lei que proibia propaganda em muro
Para vereadores, candidatos da capital ficariam em desvantagem em relação aos de outras cidades
CONRADO CORSALETTE
DA REPORTAGEM LOCAL
De olho nas eleições do ano
que vem, os vereadores de São
Paulo revogaram ontem a legislação que proibia propaganda
política em muros e fachadas
de imóveis particulares durante o período de campanha.
A lei paulistana havia entrado em vigor pouco antes das
eleições do ano passado, quando boa parte dos vereadores
disputaria a reeleição. Na prática, a medida dificultou a vida de
novos candidatos e facilitou a
de quem já tinha mandato.
Na época, os parlamentares
locais tratavam as restrições
como um complemento da Lei
Cidade Limpa, que baniu outdoors e restringiu a propaganda comercial em São Paulo.
Agora, os vereadores dizem
que a revogação foi necessária
porque os candidatos da capital
ficariam em desvantagem em
relação aos adversários de outros municípios, onde a legislação é bem mais permissiva.
"Muitos aqui serão candidatos a deputado", admitiu o vereador Antonio Goulart
(PMDB). Até agora, cerca de 20
dos 55 integrantes da Câmara
Municipal paulistana já mostraram disposição de disputar
as eleições do ano que vem.
Alguns parlamentares protestaram. "Claro que a cidade
vai ficar mais suja", afirmou
Gilberto Natalini (PSDB), um
dos poucos que se declararam
contrários à revogação, aprovada em votação simbólica.
Tramita no Congresso um
projeto de lei que pretende acabar com "casuísmos" do gênero, nas palavras de Flávio Dino
(PC do B-MA), relator da matéria na Câmara dos Deputados.
Segundo a proposta, que já
passou pelo crivo dos deputados federais e agora está no Senado, as regras para propaganda eleitoral serão nacionais.
"Há casos de cidades onde
houve proibições de comícios e
até passeatas sob alegação de
que isso atrapalharia o sossego
público. Muitas vezes amplia-se ou restringe-se a legislação
ao sabor das conveniências do
poder local", afirmou Dino.
A proposta de lei federal permite apenas propagandas móveis (bonecos e cavaletes) e faixas de até 4 m2 e veta as inscrições em muros, agora liberadas
pelos vereadores paulistanos.
Assim como em eleições passadas, os outdoors continuariam
proibidos em todo o país.
Líder do governo na Câmara
Municipal, José Police Neto
(PSDB) não quis entrar em
muitos detalhes sobre a revogação de ontem. Limitou-se a
dizer que o mais importante, a
Lei Cidade Limpa, estava preservado. Ele negou casuísmo e
chegou a dizer que a pintura de
muros não estava liberada, entendimento não compartilhado por seus colegas.
Outros vereadores também
negaram estar defendendo os
próprios interesses. Apenas
ressaltaram a necessidade de
competir em igualdade com
candidatos de fora da cidade.
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