São Paulo, quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Tarso vai a Mônaco no sábado pedir a extradição de Cacciola

Para governo, autoridades do principado querem ter detalhes sobre caso de ex-banqueiro

Ministro vai levar apenas trechos do pedido formal de extradição; texto integral ainda está em processo de tradução para o francês

ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro da Justiça, Tarso Genro, vai a Mônaco pedir às autoridades daquele país que autorizem a extradição do ex-banqueiro Salvatore Alberto Cacciola. O ministro embarca no sábado e deve se reunir, na segunda, com o diretor-geral de Justiça de Mônaco, Philippe Narminau. O cargo equivale ao de Tarso aqui no Brasil.
Ainda não há previsão de data para retorno nem informações sobre outros compromissos do ministro em Mônaco.
A decisão da viagem foi tomada ontem, segundo informou a assessoria do Ministério da Justiça, diante da avaliação do governo brasileiro de que existe interesse das autoridades de Mônaco de conhecer rapidamente mais detalhes sobre o caso do ex-banqueiro.
Dono do banco Marka, ele foi condenado em 2005 a 13 anos de prisão pela prática dos crimes de gestão fraudulenta da instituição financeira no mercado brasileiro e peculato (usar o cargo exercido para apropriação ilegal de dinheiro), mas estava foragido do Brasil desde 2000, quando aproveitou um habeas corpus do Supremo Tribunal Federal para fugir para a Itália, onde tem cidadania -e, logo, não podia ser extraditado.
Preso no último sábado em Mônaco, Cacciola era dono do banco Marka, que quebrou em 1999 e, junto com o banco FonteCindam provocou prejuízo de R$ 1,6 bilhão ao governo brasileiro, que interveio no caso, sob a justificativa de evitar uma crise que poderia varrer o sistema bancário brasileiro.
O episódio provocou uma CPI, que teve até um então presidente do Banco Central, Francisco Lopes, preso numa sessão, diante das câmeras.

Trâmite
Tarso vai apresentar a Narminau o histórico do processo de Cacciola, mas levará apenas partes do pedido formal de extradição. A documentação tem 552 páginas e ainda está em processo de tradução do italiano para o francês, língua oficial de Mônaco.
Na reunião, Tarso será acompanhado pela ministra conselheira Maria Laura da Rocha, que serve em Paris e foi destacada pelo Itamaraty para seguir a tramitação da extradição de Cacciola em Mônaco.
Antes de ser preso no principado, o ex-banqueiro já passeara por pelo menos dois outros países da Europa.
Ele esteve na Grécia e também na Suíça. Mas, quando a informação chegava à Interpol, a polícia internacional, ele já havia seguido para a Itália, seu país Natal.
O pedido de prisão preventiva para efeito de extradição foi enviado a Mônaco, mas ainda não foi apreciado pela Justiça local, o que só deve acontecer depois da audiência de Tarso com o ministro monegasco.


Texto Anterior: Sob suspeita: TCU manda parar transposição do S. Francisco e mais 76 obras
Próximo Texto: Advogado terá 1ª reunião com ex-banqueiro
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.