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DIPLOMACIA
Decisão é oficializada um dia depois de a legislação entrar em vigor
Bush avaliza Lei do Abate brasileira
FABIANO MAISONNAVE
DA REDAÇÃO
Um dia depois de entrar em vigor, o presidente dos EUA, George W. Bush, certificou anteontem
a Lei do Abate brasileira, que autoriza a derrubada de aviões ligados ao tráfico de drogas que não
se identificarem ou que se recusarem a atender a ordens de pouso.
Com isso, fica afastado o risco de
retaliações contra o Brasil.
"Eu certifico (...), com respeito
ao Brasil, que: (1) a interdição de
aeronaves razoavelmente suspeitas de estarem diretamente envolvidas no tráfico de drogas ilícitas
no espaço aéreo daquele país é necessária por causa da extraordinária ameaça representada pelo tráfico ilegal de drogas à segurança
nacional daquele país; e (2) esse
país tem procedimentos apropriados para impedir a perda de
vidas inocentes no ar e no chão
em conexão com essa interdição,
que incluirá minimamente meios
efetivos para identificar e alertar
uma aeronave antes que o uso da
força seja dirigido contra essa aeronave", diz a determinação presidencial 2005-03, assinada por
Bush e enviada às Secretarias de
Estado e da Defesa.
Sancionada em 1998 pelo então
presidente Fernando Henrique
Cardoso, a lei foi regulamentada
em julho pelo presidente Luiz
Inácio Lula da Silva. O decreto
previa um prazo de 90 dias para
que a lei entrasse em vigor.
Oficialmente, esse prazo, que
terminou no domingo, tinha como objetivo fazer a divulgação da
lei no Brasil e nos países vizinhos,
mas a Folha apurou que o Brasil
buscava também ganhar tempo
para obter o aval americano.
Os dois governos vinham negociando a lei desde o ano passado,
quando o ministro da Defesa, José
Viegas, se encontrou em Washington com o secretário da Defesa, Donald Rumsfeld.
Em maio, o Departamento de
Estado ameaçou até suspender a
"assistência relevante ao Brasil se
o programa [Lei do Abate] fosse
implementado sem satisfazer as
exigências legais americanas".
Os EUA haviam demonstrado
preocupação de que a força área
brasileira usasse equipamentos
fornecidos por empresas americanas para abater aviões.
A legislação americana prevê
que cidadãos e empresas do país
que colaborarem com a derrubada de aviões sejam responsabilizados criminalmente. Em tese, seria o caso da empresa Raytheon,
que participou do Sivam, o serviço de vigilância da Amazônia.
Colaborou Eduardo Scolese, da
Sucursal de Brasília
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