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ELEIÇÕES 2008 / BELO HORIZONTE
Quintão coloca em xeque os projetos de Aécio e Pimentel
Se Lacerda perder, tucano pode desistir da Presidência; petista buscaria apoio de Dilma
"Tese da convergência" não termina, mesmo se houver derrota eleitoral, afirmam o governador de Minas e o prefeito de Belo Horizonte
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
Uma eventual derrota de
Marcio Lacerda (PSB) no próximo domingo em Belo Horizonte porá em xeque o projeto
do governador tucano Aécio
Neves e do prefeito petista Fernando Pimentel, deixando-os
em desvantagem em relação às
eleições de 2010, presidencial e
estadual, respectivamente.
Articuladores da candidatura
de Lacerda, Aécio e Pimentel
tentam reverter a situação de
uma eleição que consideravam
um sucesso, até serem atropelados pelo deputado federal
Leonardo Quintão (PMDB),
que lidera pesquisa Datafolha
com 47% no segundo turno,
contra 37% do rival.
O clima no comitê de Lacerda é de surpresa com a situação,
de crença na recuperação, mas
também de incerteza se haverá
tempo suficiente para a reabilitação a uma semana do pleito.
Governador e prefeito jogaram todo peso do prestígio deles na disputa, ancorado no fato
de serem bem avaliados pela
população. Aproximaram o
PSDB e o PT, rivais nacionais,
em uma capital política e economicamente importante.
Com isso, Aécio tenta se
manter vivo na disputa interna
do PSDB pela indicação à candidatura presidencial, apresentando-se como conciliador. Pimentel busca se fortalecer para
disputar o governo de Minas.
Se Lacerda for derrotado,
crescerão as chances de Aécio
adiar seu projeto presidencial,
sendo empurrado para a disputa ao Senado, já que vai mal em
Belo Horizonte e em São Paulo.
Incentivador da candidatura
de Geraldo Alckmin (PSDB) à
Prefeitura de São Paulo, indo
contra a vontade de José Serra,
a situação de Aécio contrasta
com a do governador tucano de
São Paulo, seu oponente pela
indicação do partido para disputar a Presidência.
Além de Alckmin não ter passado para o segundo turno, o
candidato apoiado por Serra,
Gilberto Kassab (DEM), pode
bater o PT, o principal adversário do PSDB de 2010.
A situação de Pimentel é pior
no PT-MG. Ao contrário de Aécio, que domina o PSDB local,
Pimentel teria debitado na sua
conta o fato de ter dividido o
partido para fazer aliança com
Aécio -infringindo decisão do
PT nacional-, que pode levar a
sigla a perder o poder da capital
após 16 anos de gestão.
O racha que causou o deixou
separado de petistas históricos
como os ministros Luiz Dulci
(Secretaria Geral da Presidência) e Patrus Ananias (Desenvolvimento Social). Se vier a
derrota, Patrus se fortalecerá
para a disputa estadual, assim
como o ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB).
Pimentel poderia buscar refúgio com a ministra Dilma
Rousseff (Casa Civil), de quem
é amigo. Ela é a possível candidata de Lula à sua sucessão.
O discurso de Aécio e Pimentel é que a "tese da convergência", como definem a parceria
política, não termina mesmo se
houver derrota eleitoral.
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