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PSDB aceita negociar com Lula, diz senador
Presidente disse a Arthur Virgílio, líder tucano no Senado, que pretende conversar com FHC sobre a agenda política do país
Tucano disse que ficou com
a impressão de que petista
está solitário e mais maduro
agora do que quando
venceu a eleição em 2002
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A tentativa de aproximação
com os tucanos feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva
surtiu efeito. Depois de pegar,
no sábado, carona no AeroLula
e ouvir do petista que pretende
conversar com o ex-presidente
Fernando Henrique Cardoso, o
líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), disse ontem
que o partido aceita negociar
com o governo uma agenda para o desenvolvimento do país.
"A gente quer interagir. Acho
interessante essa idéia. Temos
de discutir o Brasil. E não fugiremos disso", disse Virgílio.
Mas, fugindo ao seu tom habitualmente crítico ao governo,
o senador elogiou o presidente.
"Fiquei com a impressão de
que ele está mais maduro agora
do que quando venceu em
2002", disse Virgílio, que, no
entanto, fez uma ressalva. "Ele
me deu impressão de solidão.
Antes ele tinha um time. Agora
não tem mais", afirmou.
A disposição mostrada agora
pelos tucanos é uma resposta à
proposta feita por Lula, de formar um conselho de ex-presidentes da República para discutir a agenda política do país.
A idéia foi apresentada no sábado, quando o presidente ofereceu carona ao senador oposicionista na volta de Três Lagoas
(MS), onde participara do velório do senador Ramez Tebet.
Também viajaram no avião os
senadores peemedebistas Renan Calheiros (AL), José Sarney (AP), Pedro Simon (RS) e
Valdir Raupp (RO).
"Ele quer conversar com ex-presidentes e formalizar a criação de um conselho", disse Virgílio. "Disse também que já
marcou reuniões com [José]
Serra [governador eleito de São
Paulo] e com Aécio [Neves, governador reeleito de Minas]". A
Folha não conseguiu falar ontem com FHC, que estava em
seu sítio, em Ibiúna.
Segundo um dos participantes da conversa, Lula enfatizou
a necessidade de criar um governo de coalizão para acelerar
o crescimento da economia.
O convite a Virgílio foi inesperado. Durante a campanha, o
senador disse que seus familiares no Amazonas, onde foi candidato a governador, estavam
sendo investigados por um ex-policial contratado pelo PT. Na
ocasião, o tucano disse que, se
isso acontecesse a mando de alguém do governo, "daria uma
surra até em Lula".
O assunto acabou sendo parte das conversas no AeroLula.
De acordo com Virgílio, Lula
perguntou se havia falado muito mal do tucano na campanha
deste ano. Ao que Virgílio respondeu que não havia problemas, pois passou quatro anos
falando mal de Lula. O clima
amistoso foi também confirmado por outros senadores
que estavam no avião.
(ADRIANO
CEOLIN, LEANDRA PERES e VALDO CRUZ)
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