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São Paulo, sábado, 20 de dezembro de 2003

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RUMO A 2004

Preocupados com o partido de José Serra, petistas negociam com ex-adversário histórico na capital paulista

PT flerta com Maluf para enfraquecer PSDB

JOSÉ ALBERTO BOMBIG
JULIA DUAILIBI
DA REPORTAGEM LOCAL

O PT paulista negocia com o ex-prefeito Paulo Maluf (PP), adversário histórico do partido na última década, um acordo que tem por finalidade enfraquecer os tucanos na eleição do ano que vem para prefeito de São Paulo.
A estratégia é impedir que o PSDB se beneficie do voto de eleitores fiéis ao ex-prefeito caso ele não aceite concorrer à sucessão de Marta Suplicy (PT).
De acordo com a pesquisa Datafolha divulgada ontem, se a eleição fosse hoje, o tucano José Serra bateria a petista caso Paulo Maluf não disputasse a eleição.
No cenário da pesquisa de intenção de voto sem o ex-prefeito, Serra tem 28% contra 17% de Marta Suplicy. A margem de erro é de três pontos percentuais, para mais ou para menos.
Com Maluf na disputa, os três aparecem tecnicamente empatados, o que, na avaliação de tucanos e petistas ouvidos pela Folha, indica que muitos votos do ex-prefeito, caso ele não seja candidato, devem migrar para o PSDB, a maior força de oposição ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
Do lado petista, o interlocutor na negociação, que começou no início do mês, é um deputado federal paulista. Por Maluf, negocia um antigo aliado e ex-dirigente partidário. Os dois têm mantido encontros quinzenais.
O acordo incluiria uma espécie de pacto de não-agressão no primeiro turno da eleição, a exemplo do que ocorreu no ano passado, quando Maluf, candidato ao governo do Estado, centrou seu fogo no tucano Geraldo Alckmin, preservando José Genoino (PT).
Os petistas também avaliam que um embate contra Maluf no segundo turno seria favorável à prefeita, pois os marqueteiros do PT repetiriam a estratégia do "bem contra o mal", vitoriosa na campanha de 2000, quando Marta venceu Maluf.
O ex-prefeito quer dos petistas um empurrão para sua candidatura no ano que vem e cargos para o seu partido na administração federal. Um marqueteiro ligado ao PT seria deslocado para auxiliar discretamente sua campanha.
Alguns petistas mencionam nos bastidores o fato de Maluf ser investigado por suposta remessa ilegal de dinheiro para o exterior.
Maluf também procurou nos últimos dias um deputado do PSDB. Queria reabrir um canal de negociação com Alckmin. Os dois mantiveram encontros neste ano e chegaram a discutir uma frente anti-Marta. Mas os tucanos suspenderam as tratativas com o ex-prefeito por considerar que ele "vazou" a informação à mídia.
A estratégia do PSDB, que ainda não tem candidato, é concentrar esforços para obter o apoio da deputada Luiza Erundina (PSB) e do sindicalista Paulo Pereira da Silva (PDT), pré-candidatos declarados a prefeito ou, no mínimo, um tratamento cordial na campanha. Nome preferido da cúpula tucana, Serra tem dito que não aceita disputar a eleição.
No limite, a candidatura de Maluf, que, no raciocínio do PT, diluiria os votos "conservadores", poderia propiciar a vitória para Marta já no primeiro turno.
Outro ponto negociado é a possibilidade de o PP lançar um candidato com perfil conservador, apoiado explicitamente por Maluf, e que tenha o governo estadual como alvo. O deputado federal Celso Russomanno já colocou seu nome à disposição.
O ex-prefeito, apesar de aparecer bem colocado nas pesquisas, ainda não definiu se sairá candidato. Disse a interlocutores que só definirá em fevereiro.


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