|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
RUMO A 2004
Preocupados com o partido de José Serra, petistas negociam com ex-adversário histórico na capital paulista
PT flerta com Maluf para enfraquecer PSDB
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
JULIA DUAILIBI
DA REPORTAGEM LOCAL
O PT paulista negocia com o ex-prefeito Paulo Maluf (PP), adversário histórico do partido na última década, um acordo que tem
por finalidade enfraquecer os tucanos na eleição do ano que vem
para prefeito de São Paulo.
A estratégia é impedir que o
PSDB se beneficie do voto de eleitores fiéis ao ex-prefeito caso ele
não aceite concorrer à sucessão de
Marta Suplicy (PT).
De acordo com a pesquisa Datafolha divulgada ontem, se a eleição fosse hoje, o tucano José Serra
bateria a petista caso Paulo Maluf
não disputasse a eleição.
No cenário da pesquisa de intenção de voto sem o ex-prefeito,
Serra tem 28% contra 17% de
Marta Suplicy. A margem de erro
é de três pontos percentuais, para
mais ou para menos.
Com Maluf na disputa, os três
aparecem tecnicamente empatados, o que, na avaliação de tucanos e petistas ouvidos pela Folha,
indica que muitos votos do ex-prefeito, caso ele não seja candidato, devem migrar para o PSDB,
a maior força de oposição ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
Do lado petista, o interlocutor
na negociação, que começou no
início do mês, é um deputado federal paulista. Por Maluf, negocia
um antigo aliado e ex-dirigente
partidário. Os dois têm mantido
encontros quinzenais.
O acordo incluiria uma espécie
de pacto de não-agressão no primeiro turno da eleição, a exemplo
do que ocorreu no ano passado,
quando Maluf, candidato ao governo do Estado, centrou seu fogo
no tucano Geraldo Alckmin, preservando José Genoino (PT).
Os petistas também avaliam
que um embate contra Maluf no
segundo turno seria favorável à
prefeita, pois os marqueteiros do
PT repetiriam a estratégia do
"bem contra o mal", vitoriosa na
campanha de 2000, quando Marta venceu Maluf.
O ex-prefeito quer dos petistas
um empurrão para sua candidatura no ano que vem e cargos para
o seu partido na administração federal. Um marqueteiro ligado ao
PT seria deslocado para auxiliar
discretamente sua campanha.
Alguns petistas mencionam nos
bastidores o fato de Maluf ser investigado por suposta remessa
ilegal de dinheiro para o exterior.
Maluf também procurou nos
últimos dias um deputado do
PSDB. Queria reabrir um canal de
negociação com Alckmin. Os dois
mantiveram encontros neste ano
e chegaram a discutir uma frente
anti-Marta. Mas os tucanos suspenderam as tratativas com o ex-prefeito por considerar que ele
"vazou" a informação à mídia.
A estratégia do PSDB, que ainda
não tem candidato, é concentrar
esforços para obter o apoio da deputada Luiza Erundina (PSB) e do
sindicalista Paulo Pereira da Silva
(PDT), pré-candidatos declarados a prefeito ou, no mínimo, um
tratamento cordial na campanha.
Nome preferido da cúpula tucana, Serra tem dito que não aceita
disputar a eleição.
No limite, a candidatura de Maluf, que, no raciocínio do PT, diluiria os votos "conservadores",
poderia propiciar a vitória para
Marta já no primeiro turno.
Outro ponto negociado é a possibilidade de o PP lançar um candidato com perfil conservador,
apoiado explicitamente por Maluf, e que tenha o governo estadual como alvo. O deputado federal Celso Russomanno já colocou
seu nome à disposição.
O ex-prefeito, apesar de aparecer bem colocado nas pesquisas,
ainda não definiu se sairá candidato. Disse a interlocutores que só
definirá em fevereiro.
Texto Anterior: Multimídia: Lula surpreendeu no 1º ano, diz NYT Próximo Texto: Tucanos vão pressionar Serra a sair candidato Índice
|