|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CASO SANTO ANDRÉ
À Justiça, eles disseram desconhecer Dionizio Aquino Severo, suposto contratado por Gomes da Silva
Acusados negam ter matado Celso Daniel
EDUARDO SCOLESE
DA AGÊNCIA FOLHA
Acusados pelo assassinato do
prefeito de Santo André, Celso
Daniel (PT), José Édison da Silva e
Rodolfo Rodrigo dos Santos Oliveira, o Bozinho, negaram ontem
terem participado do crime e disseram desconhecer Dionizio
Aquino Severo, que, segundo a
Promotoria, teria sido contratado
pelo empresário Sérgio Gomes da
Silva para matar Daniel.
Depoimentos de testemunhas
ao Ministério Público, no entanto,
contradizem as versões apresentadas por ambos ontem.
Bozinho teria sido visto no
apartamento de Severo entre os
dias 18 e 20 de janeiro do ano passado, intervalo entre o sequestro e
a morte do prefeito.
Outra informação que consta
no processo é que José Édison
presenciou o assassinato de Severo, em abril do ano passado, dentro do Centro de Detenção Provisória do Belém (na capital paulista), segundo a Secretaria da Administração Penitenciária.
Severo foi morto por outros detentos, dois dias depois de dizer
que tinha informações sobre a
morte do prefeito e que conhecia
Gomes da Silva.
O terceiro indício do vínculo deles com o crime, segundo a Promotoria, são as escutas telefônicas
feitas pela Polícia Federal. Nelas
constam conversas de Bozinho
com outros dois acusados pelo
crime -Elcyd Oliveira Brito, o
John, e Itamar Messias dos Santos. Itamar e Bozinho foram presos pela polícia em Aparecida
(SP), quando retornavam de Itabuna, na Bahia.
Interrogatório
Em interrogatório sigiloso ao
juiz Luiz Fernando Migliori Prestes, da 1ª Vara da Comarca de Itapecerica da Serra (Grande São
Paulo), os dois denunciados disseram, segundo a Agência Folha
apurou, que também nunca tiveram contato com Gomes da Silva.
José Édison e Bozinho, que estão presos, já haviam negado suas
participações em depoimentos à
Justiça e ao Ministério Público.
No ano passado, ao serem presos,
confessaram o crime, mas, segundo eles, sob tortura policial.
Ontem, eles chegaram juntos ao
fórum, por volta das 13h30, escoltados por cinco policiais militares
fortemente armados.
Autores da denúncia -acolhida pela Justiça há dez dias- que
aponta Gomes da Silva como um
dos mandantes da morte do prefeito, os promotores criminais de
Santo André puderam acompanhar os interrogatórios, que duraram, cada um, cerca de uma hora.
Para o promotor José Reinaldo
Carneiro, as declarações foram
"cheias de detalhes".
Os promotores também puderam, ao lado dos advogados de
defesa, fazer sugestões de perguntas ao juiz Prestes. Segunda-feira,
no mesmo fórum, será a vez de
Gomes da Silva ser ouvido.
O clima na sala do juiz foi tenso,
principalmente quando os acusados falaram sobre o processo de
tortura que teriam sofrido de policiais civis nos dias posteriores as
suas prisões, no início de 2002.
Eles disserem que confessaram
à polícia após ficarem nus, com os
pés e as mãos amarradas e sob doses de choques elétricos.
"Eles só fizeram isso [confessaram] pois passaram por tortura",
disse a advogada de Bozinho, Melissa Hee Terra do Amaral. Segundo ela, os dois acusados que depuseram ontem não podem reconhecer os autores da suposta tortura, pois, à época, foram interrogados utilizando capuzes.
A Polícia Civil nega que os depoimentos, nos quais os acusados
reconhecem participação no assassinato e dão detalhes do crime,
tenham sido colhidos sob tortura.
Texto Anterior: Tucanos vão pressionar Serra a sair candidato Próximo Texto: Defesa de Gomes da Silva faz críticas à "pressa" da Justiça Índice
|