São Paulo, terça-feira, 20 de dezembro de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ELEIÇÕES 2006

Na inauguração da sede municipal do PSDB, governador e prefeito elogiam administração anterior e criticam o governo Lula

Alckmin e Serra disputam apoio de FHC

CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin e o prefeito de São Paulo, José Serra, exaltaram ontem ícones do partido e elogiaram a gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em mais um lance da disputa pela preferência do PSDB. Ao discursar para na inauguração da nova sede municipal do PSDB, Alckmin disse que "O Brasil é outro depois do governo FHC" e citou seis vezes o nome do governador Mario Covas, que morreu em 2001.
Alckmin -que foi ao evento dirigindo sua Parati- concluiu seu discurso afirmando que o país precisa crescer para completar "um outro ciclo que se iniciou com o governo FHC". Ao citar Covas e o ex-governador Franco Montoro como modelos, Serra lembrou Sérgio Motta, que morreu em 1998, quando era ministro das Comunicações de FHC.
"[Ele] fez um processo de privatização das teles limpo, que serviu aos interesses do país e do setor, uma área super-espinhosa. Imagine o que teria acontecido com as teles se as empresas de telecomunicações fossem estatais, não tivessem sido privatizadas", discursou Serra, acrescentando: "A gente tem memória para apresentar".
No PSDB, há consenso de que FHC será fundamental para a escolha do candidato do partido. A família de Covas teria ascendência sobre o presidente nacional do partido, Tasso Jereissati (CE). Os filhos de Covas e Montoro foram homenageados na solenidade.
Alckmin descreveu sua gestão como "uma nova fase do governador Mário Covas". No auditório, Serra e Alckmin trocaram elogios. Os dois comemoraram o resultado da pesquisa Datafolha sobre a avaliação de seus mandatos. Serra, porém, recomendou que o partido acompanhe mais as ações na prefeitura para converter essa boa avaliação em capital político.
"Crescemos na população de até cinco mínimos. O crescimento foi aí. Esse crescimento tem que se dar na política também." Serra disse que essa investida "não significa usar a máquina". "Não sabemos usar a máquina... Não queremos mudar essa nossa tradição de sermos incompetentes para usar a máquina. Mas é fundamental que a gente aprenda ter trabalho político na cidade", propôs.
Serra também contou ter chamado os subprefeitos das regiões mais desenvolvidas para analisar outro dado da pesquisa: "[Entre eleitores com renda familiar] acima de dez mínimos perdemos posição relativa. Por isso não vamos só comemorar não."
Alckmin e Serra pregaram a unidade e fizeram críticas ao governo Lula. Recebido ao som de "queremos o Geraldo presidente do Brasil", Alckmin sugeriu que o PSDB preserve "laços de solidariedade, de companheirismo, de lealdade". Num recado para os que apostam num anti-Lula, disse que o partido estará numa jornada "não contra o PT ou contra Lula", mas para impedir que o governo ande como caranguejo.
Serra também fez críticas ao PT: "Ética, para muitos no brasil, virou uma arma da conveniência. É ético quando está na oposição. Quando está no governo pode pedir licença para deixar de ser ético durante um tempo". Na saída, os dois minimizaram a liderança de Orestes Quércia para a corrida ao Palácio dos Bandeirantes. Alckmin, porém, admitiu que é preciso "humildade de verificar que nós vivemos num quadro que não é apenas bipartidário", e Serra reconheceu que "é indiscutível" o peso de Quércia na eleição.


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