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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/CONEXÃO RIBEIRÃO
Empreiteira teria usado documentos falsos para sacar cheques em esquema de venda de notas fiscais denunciado por Rogério Buratti
Saques na Leão foram fraudados, diz empresa
ROGÉRIO PAGNAN
DA FOLHA RIBEIRÃO
Saques de cerca de R$ 660 mil
feitos por meio de cheques seqüenciados ocorridos na boca do
caixa da empresa Leão Leão podem ter sido feitos por meio de
documentos falsos.
A suspeita foi apresentada pela
empresa Twister Químicos Ltda.,
de São Paulo, uma das três que
aparecem na lista das sacadoras
de cerca de R$ 2,8 milhões das
contas da empreiteira de Ribeirão
Preto.
Além da Twister, também foram apontadas como sacadoras a
Comercial Luizinho, de Dois Córregos (SP), e a KAF Brasil -esta
sem identificação.
O ex-vice-presidente do grupo
Leão Rogério Tadeu Buratti
apontou as três empresas como
integrantes do esquema de vendas de notas ficais. Com esses documentos, a Leão justificaria o dinheiro desviado para o pagamento de propina. As vendedoras receberiam porcentagem correspondente ao valor da nota.
Esse esquema foi apresentado
por Buratti para explicar a denúncia que fez do pagamento de propina mensal de R$ 50 mil ao ministro Antonio Palocci (Fazenda),
quando era prefeito de Ribeirão.
Segundo o advogado da Twister, Eduardo Pizarro Carnelós, a
empresa teve relações comerciais
com a Leão entre maio e novembro de 2002, na venda de produtos petroquímicos (Solbrax QP), e
por isso não poderia ter feito os
saques apontados pela quebra de
sigilo bancário da Leão, alguns
entre março e abril daquele ano.
"Não há possibilidade de esses
documentos serem legítimos."
Na lista dos saques feitos em nome da Twister, 12 são do dia 10 de
abril, todos no valor de R$ 13,2
mil. No dia 11 de março, outros 12
saques de cheques seqüenciados
no valor de R$ 13,5 mil cada um.
Para o Ministério Público, os saques eram feitos por orientação
dos bancos para dificultar a identificação dessas movimentações.
Ainda segundo Carnelós, todas
vendas feitas para a Leão, no valor
total de R$ 353,1 mil, foram feitas
por telefone e pagas em depósito
em conta. "A empresa não tinha
nenhum representante em Ribeirão para fazer esses saques. A venda de notas efetivamente não
ocorreu. Não tem esse esquema
com a Twister", afirmou.
O promotor Aroldo Costa Filho,
do Gaerco (Grupo de Atuação Especial Regional para a Prevenção
e Repressão ao Crime Organizado) de Ribeirão disse que os documentos apresentados para o saque dos valores serão analisados.
"Se isso realmente aconteceu, a situação é ainda mais grave do que
já é", disse ele.
A Leão não quis comentar o assunto (leia texto nesta página).
A Twister Químicos foi identificada pelo CPI dos Bingos através
do número do CNPJ (Cadastro
Nacional da Pessoa Jurídica),
apresentado ao banco pelos sacadores dos cheques.
Figuram como sócios da empresa os empresários Salvio Casson, Luiz Paulo Lima Viana e Luís
Edmundo Varella Meirelles.
Segundo a Junta Comercial do
Estado de São Paulo, a Twister
funciona no número 2.366 da rua
Augusta, em São Paulo. A Folha
esteve no local, mas não encontrou nenhuma sala da empresa. O
advogado disse que a empresa
funcionou na Augusta até 2002.
Vizinhos do endereço disseram
nunca ter ouvido falar da existência da Twister.
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