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Existe espaço para "anticandidato" na Câmara, diz Gabeira
Deputado do PV defende que esse novo nome discuta uma agenda de moralização e recupere imagem do Legislativo
Deputado afirma que não está se incluindo na disputa e que a nova candidatura deveria ser apresentada por uma frente suprapartidária
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um dos líderes do grupo de
parlamentares que se opõe ao
reajuste de 91% dos salários de
deputados federais e senadores, Fernando Gabeira (PV-RJ)
diz que há espaço para "uma
anticandidatura" à presidência
da Casa que discuta uma "agenda de moralização e recuperação da imagem do Legislativo".
"Além desse absurdo salarial,
que é imoral e politicamente
insustentável, há a questão da
imunidade parlamentar. Muita
gente que está fugindo da polícia foi eleita", afirma Gabeira.
Ele cita explicitamente os deputados federais eleitos Paulo
Maluf (PP-SP) e Juvenil Alves
(PT-MG) e o deputado estadual
eleito no Rio de Janeiro Álvaro
Lins (PMDB) como exemplos
de políticos que se escudarão
na imunidade parlamentar
para que obtenham benefício
jurídico em relação a supostos
crimes cometidos fora do
Legislativo.
A imunidade garante aos parlamentares o chamado "foro
privilegiado" -os deputados
federais e os senadores só podem ser denunciados à Justiça
pela procurador-geral da República e respondem a eventuais
processos apenas no STF (Supremo Tribunal Federal).
Gabeira avalia que "a anticandidatura não tem chance de
vitória", mas daria mais visibilidade a uma agenda contrária ao
que chamou de "severinização"
do Congresso -em uma alusão
a Severino Cavalcanti, presidente da Câmara que renunciou em 2005 acusado de corrupção e que foi um expoente
do chamado baixo clero, o grupo de deputados de pouca expressão política.
A eleição para decidir quem
será o novo presidente da Câmara acontecerá em fevereiro.
De acordo com Gabeira, o
atual presidente da Casa, Aldo
Rebelo (PC do B-SP), e o líder
do governo na Câmara, Arlindo
Chinaglia (PT-SP), demonstraram ter "um lado Severino" ao
apoiar a elevação dos salários
dos congressistas para
R$ 24.500.
Na opinião do deputado do
PV, a anticandidatura deveria
ser apresentada por uma frente
suprapartidária pequena.
Ele afirma que não está colocando o seu próprio nome para
a disputa. Acha que o PSDB e o
PFL, ao apoiar o reajuste de
91%, "adotaram posição vergonhosa e se inviabilizaram como
oposição real".
Erro de cálculo
Em conversas reservadas, dirigentes do PT e de partidos
aliados ao governo avaliaram
que as candidaturas de Aldo e
de Chinaglia se fragilizaram politicamente -a do petista em
maior grau, pois seu partido
condenou o reajuste.
Aldo e Chinaglia apoiaram o
valor de R$ 24.500 para atender ao desejo do baixo clero,
grupo que que concentra atividades em pleitos fisiológicos.
Eles são decisivos na eleição do
presidente da Casa.
(KENNEDY ALENCAR)
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