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Maluf reage contra denúncia de procurador
Deputado eleito aciona seus advogados, convoca o STF e afirma que irá processar o Rodrigo de Grandis, que o acusou
Justiça Federal transfere a decisão para janeiro; De Grandis diz ter provado que os Maluf cumpriram as etapas do crime de lavagem
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Ao ver sua diplomação maculada pela denúncia movida contra ele pelos crimes de lavagem
de dinheiro e formação de quadrilha, o ex-prefeito e deputado
federal eleito Paulo Maluf (PP)
partiu para a ofensiva: acionou
advogados, convocou o Supremo Tribunal Federal -prerrogativa do novo cargo- e prometeu processar seu acusador.
Um dia antes da diplomação,
que ocorreu ontem, Maluf foi
alvo da quarta e maior denúncia (acusação formal à Justiça)
apresentada contra ele e sete
familiares por envio ilegal de
verbas para o exterior.
A acusação partiu do procurador da República Rodrigo de
Grandis, do Ministério Público
Federal em São Paulo, que pediu à 2ª Vara Criminal da Justiça Federal a abertura de processo penal.
De Grandis diz que, com a
ajuda dos EUA, da Suíça, da ilha
de Jersey e da Inglaterra, provou que os Maluf cumpriram
todas as etapas do crime de lavagem: 1) captação ou desvio de
verba pública; 2) a remessa do
dinheiro para o exterior e a pulverização em contas em paraísos fiscais; e 3) o retorno após
aplicação em fundos de investimentos e compra de ações da
Eucatex, empresa da família.
"Por que o procurador Rodrigo de Grandis só ontem [anteontem], véspera da diplomação [...], apresentou denúncia
contra o ex-prefeito de São
Paulo, com argumentos requentados e em um caso que,
segundo a lei e a Constituição, e
ele deveria saber disso, não está
mais sob sua jurisdição?", questionou por meio de nota Adilson Laranjeira, assessor de Maluf (leia íntegra nesta pág.).
Com a diplomação, ou seja,
após ser confirmado legalmente deputado federal, Maluf só
pode ser denunciado pela Procuradoria Geral da República
(última instância do Ministério
Público) e julgado pelo Supremo Tribunal Federal, instância
máxima do Judiciário.
A denúncia, no entanto, foi
apresentada um dia antes,
quando Maluf ainda não havia
sido diplomado.
A Justiça Federal postergou
a decisão para depois do recesso do Judiciário, no dia 7 de janeiro. Advogados de Maluf, no
entanto, já haviam solicitado o
envio do caso ao Supremo. Disseram ainda que qualquer decisão da Justiça Federal seria nula, pois só a Corte máxima pode
processar um deputado federal.
"Passa-moleque"
No pedido encaminhado à
Justiça Federal, o advogado penal do ex-prefeito, José Roberto Leal, classificou de "um autêntico passa-moleque no Supremo" a denúncia oferecida
por De Grandis um dia antes da
diplomação.
Leal afirmou ainda que "tem
curiosidade" em entender como o Ministério Público Federal pode invocar a Lei de Lavagem de Capitais, de 1998, para
tratar de fatos ocorridos até
1996, último ano de Maluf na
Prefeitura de São Paulo.
O Ministério Público Federal, no entanto, argumenta que
o crime foi continuado. As contas e aplicações atribuídas à família Maluf no exterior continuam abertas e bloqueadas judicialmente.
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