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Rosinha afasta 40 e
cria nova secretaria
HENRI CARRIÈRES
DA SUCURSAL DO RIO
A exoneração dos cerca de 40
funcionários que ocupam cargos
de chefia na área tributária da Secretaria de Fazenda do Estado do
Rio e a criação de uma Secretaria
da Receita, voltada exclusivamente para a arrecadação de impostos, foram as principais medidas
anunciadas ontem pela governadora Rosinha Garotinho (PSB)
para reagir ao escândalo provocado pela descoberta de que fiscais
do Estado e da Receita teriam depositado U$ 36 milhões na Suíça.
Virgílio Augusto da Costa Val,
66, procurador do Ministério Público Estadual, especialista em direito criminal, comandará a nova
secretaria. Ele é o terceiro mais
antigo funcionário da instituição,
com 35 anos de serviço. Rosinha
informou ter concedido total autonomia ao secretário, até mesmo
para reestruturar as inspetorias.
Segundo ela, será criada, dentro
da Secretária da Receita, uma corregedoria tributária, sob a direção
de alguém que não pertença à
área tributária. O nome do corregedor não foi divulgado. Costa
Val disse que ele já foi escolhido.
Rosinha disse que pretende
convocar um concurso público
para renovar os fiscais, quebrando a exclusividade destes no que
diz respeito à ocupação de cargos
nas inspetorias. Ela pediu ao deputado estadual Jorge Picciani
(PMDB) para encaminhar à Assembléia projeto de lei permitindo a contratação de funcionários
do Judiciário estadual. A medida
visa combater o suposto corporativismo da categoria dos fiscais.
O presidente do Sindicato dos
Fiscais de Renda do Estado do
Rio, João Bosco de Azevedo, disse
que "mais uma vez há uma interferência política em uma área técnica do governo". Afirmou que
estudará medidas jurídicas a ser
tomadas para impedir os planos
de Rosinha. Ele não descartou a
hipótese de uma greve de fiscais.
Fica também a cargo de Picciani
a tarefa de trabalhar para a abertura de uma CPI que apure as denúncias envolvendo Rodrigo Silveirinha Corrêa e outros fiscais.
Picciani afirmou que, se instaurada a CPI, haverá quebra do sigilo bancário, fiscal e telefônico da
cúpula da Secretaria da Fazenda
nas gestões Anthony Garotinho
(1999-abril de 2002) e Benedita da
Silva (PT), especialmente dos ex-secretários Carlos Antônio Sasse,
Fernando Lopes e Nelson Rocha.
Todos os inspetores nomeados
nesses dois governos, bem como
os fiscais da Inspetoria de Grande
Contribuintes, também deverão
ter os sigilos quebrados. As investigações só poderão recuar até
cinco anos atrás, pois, segundo
Costa Val, esse é o prazo de prescrição para os crimes em questão.
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