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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ ESTATAIS
Relatório do TCU mostra irregularidades em contrato da P-34; pagamentos e preços superfaturados somam US$ 17 milhões
Auditoria aponta pagamento indevido da Petrobras à GDK
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A empreiteira baiana GDK, que
presenteou o ex-secretário-geral
petista Silvio Pereira com um jipe
Land Rover, responde ao Tribunal de Contas da União por pagamentos indevidos ou preços superfaturados de mais de US$ 17
milhões (ou mais de R$ 36 milhões) no maior dos contratos fechados com a Petrobras no governo Lula, a adaptação da plataforma de petróleo P-34 ao campo de
Jubarte, no Espírito Santo.
As conclusões da auditoria do
TCU, ainda não votada no plenário do tribunal, constarão do relatório final da CPI dos Correios,
cuja apresentação é prevista para
a semana que vem.
A P-34 deverá ficar pronta em
junho de 2006, de acordo com a
mais recente previsão da Petrobras. A estatal nega que tenha havido superfaturamento no maior
dos contratos em curso com a
GDK. Nega também que o orçamento da obra tenha sido inflado
em US$ 23 milhões, conforme
apurou a mesma auditoria do
TCU, a que a Folha teve acesso.
O valor total do contrato da
GDK com a subsidiária da Petrobras na Holanda é de US$ 88,1 milhões (ou cerca de R$ 187 milhões,
de acordo com a cotação de hoje).
O presidente da CPI dos Correios, Delcídio Amaral (PT-MT),
disse que as investigações sobre o
suposto desvio de dinheiro público da Petrobras não foram aprofundadas pela comissão porque
outros temas ganharam prioridade, como os contratos de empresas públicas envolvidas mais diretamente com o caixa dois do PT
operado pelo publicitário Marcos
Valério de Souza.
"Apoio político"
A GDK já prestava serviços à Petrobras no governo FHC. Depois
da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os negócios entre a empreiteira e a estatal registraram queda, segundo o relatório, recuperada logo em seguida,
supostamente com o apoio político de Silvio Pereira e do ministro
Jaques Wagner (Coordenação
Política), que teve uma filha contratada pela empresa.
A GDK confirmou anteriormente o presente a Silvio e afirmou, em nota, que "ser ou não filho de autoridade é irrelevante"
no processo de admissão de funcionários na empresa.
Sonegação de informação
A representação encaminhada
recentemente à CPI dos Correios
sugere a aplicação de multa ao
presidente da Petrobras, Sérgio
Gabrielli, por sonegação de informações aos auditores do TCU.
Propõe ainda a suspensão dos pagamentos à GDK antes mesmo do
prazo de defesa aberto a empreiteira e a estatal.
O ministro Guilherme Palmeira, relator do processo, optou, porém, por ouvir as duas empresas
antes de qualquer decisão.
Num dos episódios relatados, a
auditoria sustenta que só conseguiu calcular preços inflados no
orçamento da obra de adaptação
da P-34 por meio de arquivos entregues "por equívoco" por funcionário da estatal e cuja devolução chegou a ser pedida pelo advogado da Petrobras: "Esses arquivos foram imprescindíveis para a apuração e a identificação das
inconsistências e do sobrepreço
indicados nessa auditoria".
O orçamento, feito por uma
empresa contratada pela Petrobras, teria desconsiderado os incentivos fiscais concedidos ao comércio externo de bens destinados à pesquisa e à lavra de petróleo e gás natural.
Entre os pagamentos considerados indevidos estão serviços de
inspeção do casco da P-34 e de
mobilização do canteiro de obras
para reparo do casco. "[Serviços]
não necessários, não realizados e
superfaturados", segundo a auditoria, em mais de US$ 2 milhões.
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