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Lula deve prorrogar de novo Luz Para Todos
Governo não atingirá neste ano meta de universalizar energia; ministério da pré-candidata Dilma avalia estender prazo
Ideia é anunciar adiamento no lançamento do PAC 2, evento do dia 29 que marca saída simbólica de ministra para disputar Presidência
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Diante da iminência de não
cumprir a promessa de universalização do acesso à luz elétrica nas comunidades rurais, o
governo federal estuda prorrogar para além de 2010 o Luz para Todos, apontado pelo presidente Lula como o programa
social de "maior alcance".
O programa foi criado em
2003, quando a pré-candidata
petista ao Planalto, Dilma
Rousseff, hoje na Casa Civil, estava à frente do Ministério de
Minas e Energia. Em discursos
pelo país afora, Lula a tem apresentado como "mãe" do programa, assim como o faz em relação ao PAC (Programa de
Aceleração do Crescimento).
O decreto de criação do programa expira em 31 de dezembro e, a partir disso, as famílias
não atendidas terão de negociar o fim da exclusão elétrica
com as concessionárias locais,
processo que pode levar anos.
Quando criado, o Luz para
Todos antecipou a meta de universalização de energia no país
de 2015 para 2008. O cronograma foi depois esticado para
2010, quando a meta de atendimento saltou de 2 milhões para
quase 3,1 milhões de famílias.
O ritmo de atendimento tem
sido, em média, de 430 mil famílias e, para este ano, resta
uma meta acumulada de 850
mil, que o presidente Lula já
admitiu que não será atingida.
Além das famílias cadastradas, há outras que nem mesmo
foram incluídas na meta, em
especial nos Estados do Norte,
além de Bahia e Minas Gerais.
Para prorrogar o Luz para
Todos, basta a edição de um novo decreto presidencial com
uma nova data de término. Nos
meses seguintes, caberia ao Ministério de Minas e Energia e à
Aneel (Agência Nacional de
Energia Elétrica) definir as novas metas do programa.
A discussão pela nova extensão está na Casa Civil. Uma opção é anunciá-la no lançamento
do PAC 2, evento do dia 29 que
marca a saída simbólica de Dilma do governo.
No ministério, a prorrogação
é vista com entusiasmo. "Não
se pode de repente fazer um
corte num programa que teve
sucesso total", diz Josias Matos
de Araújo, secretário de Energia Elétrica da pasta.
Na mesma linha estão as concessionárias de distribuição de
energia, que avançam com postes e fios com recursos de fundos federais. "Muitas empresas
não cumprirão a meta. É impossível. A prorrogação permite a manutenção do subsídio e
evita impacto nas tarifas", diz
José Gabino, da Abradee (associação das distribuidoras).
Por conta da campanha eleitoral e da ligação de Dilma com
o programa, o governo sabe que
a eventual prorrogação virá
carregada de prós e contras.
Por um lado, oficializará o carimbo do não cumprimento das
metas. Por outro, terá em mãos
um discurso de prosseguimento dos programas sociais.
Para Claudio Sales, presidente do Instituto Acende Brasil, o
governo deveria aproveitar a
prorrogação para corrigir uma
"imperfeição". Segundo ele, o
governo precisa compensar os
gastos das empresas com a manutenção das redes de energia
mais isoladas do país.
Hoje, o programa opera sem
dinheiro da União. Cerca de
70% dos custos saem de fundos
abastecidos com percentuais
das contas de luz e o restante
vem dos caixas das empresas e
dos Estados.
(EDUARDO SCOLESE)
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