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EMIGRAÇÃO
Salários em dólar promovem incremento do fluxo de trabalhadores que tentam ganhar a vida no exterior
Real fraco realimenta saída de brasileiros
da Reportagem Local
A desvalorização do real é um incentivo importante para que brasileiros se disponham a sair do país
em busca de trabalho.
Se confirmado, esse movimento
interromperia a tendência observada nos últimos anos de certo
equilíbrio entre o número de brasileiros que deixaram o país e o número de brasileiros que voltaram
do exterior.
Quem considerava pouco
atraente a possibilidade de ter uma
renda mensal de, por exemplo,
US$ 1.000 trabalhando no exterior
agora vai se sentir muito mais tentado ao notar que esse valor corresponde a cerca de R$ 1.800.
Não existe a expectativa, porém,
de que um número muito elevado
de brasileiros procure outros países como ocorreu na segunda metade dos anos 80.
Tendência
"A tendência é de a nova política
cambial servir como um atrativo,
mas o fluxo de brasileiros para o
exterior não deve ter a mesma dimensão que teve no final da década de 80", afirma o embaixador
Lúcio Amorim, diretor de assuntos consulares do Itamaraty.
Também é essa a previsão de Teresa Sales, do Departamento de
Sociologia da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), que
lança em abril seu livro "Brasileiros Longe de Casa", com uma pesquisa sobre a comunidade brasileira na região de Boston, nos EUA.
Ela nota que mudou o perfil dos
brasileiros que moram em outros
países. Em vez de jovens, homens e
solteiros, que mudavam temporariamente, agora são famílias, com
filhos que estão sendo criados como norte-americanos.
Não há estatísticas precisas sobre
a emigração recente de brasileiros,
mas o governo trabalha com a estimativa de que 1,5 milhão de brasileiros está morando fora do país.
Existem indícios de que esse número parou de crescer nos últimos
anos, em parte como consequência da crise econômica no Japão,
um dos três países mais procurados, ao lado dos Estados Unidos e
do Paraguai.
Uma das formas de "medir" o
número de brasileiros fora do país
é o movimento de pedidos de documentos (passaportes, certidões
de nascimento, casamento ou
morte etc) nos consulados, já que
esses documentos só podem ser
concedidos a brasileiros.
Em 1998, o número de passaportes emitidos fora do país caiu cerca
de 15%; no Japão, a queda foi mais
expressiva, 38,5% -de 36,8 mil
para 22,6 mil, segundo Amorim.
Em contrapartida, o número de
outros documentos emitidos pelos
dois consulados brasileiros no Japão aumentou 24% (de 4,9 mil para 6,1 mil).
(CGF)
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