São Paulo, quarta-feira, 21 de abril de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Adesão em São Paulo atinge 55,5%

DA REPORTAGEM LOCAL
DO "AGORA"

O primeiro dia de greve dos funcionários do INSS em São Paulo teve adesão de 55,5% da categoria na capital e prejudicou o atendimento a cerca de 22,1 mil pessoas no Estado, segundo informou o órgão. A paralisação, por tempo indeterminado, causou transtornos e filas em várias agências.
Dos 27 postos de atendimento da capital, 14 permaneceram fechados: Centro, Metrô República, Mooca, Metrô Sé, Brigadeiro Luís Antônio, Vila Prudente, Água Branca, Santa Marina, Tucuruvi, Santana, Pinheiros, Santo Amaro, Cidade Dutra e Vila Mariana.
Na agência da rua Voluntários da Pátria, em Santana, o funcionamento foi parcial. Os demais postos atenderam ontem. Em média, 1.200 pessoas são atendidas por dia nessas agências.
No interior, sete postos fecharam -São José do Rio Preto, Fernandópolis, Olímpia, São José dos Campos, Campos de Jordão, Guaratinguetá e Pindamonhangaba. Seis funcionaram parcialmente -Jundiaí, Tupã, Jaboticabal, Jales, Mirassol e Taubaté-, e 106 prestaram atendimento normalmente. Nesses postos, a média de atendimentos é de 750 por dia.
Os números do INSS coincidem com os do Sinsprev (Sindicato dos Trabalhadores em Saúde e Previdência no Estado de São Paulo). "A adesão tende a aumentar no interior. Em várias cidades, assembléias devem ser feitas ainda hoje [ontem] para decretar a greve", afirmou José Rubens Decares, diretor do Sinsprev.
Na lista de reivindicações dos funcionários da Previdência, segundo Decares, estão: reajuste emergencial de 50,19%, novo plano de carreiras, piso salarial, incorporação das gratificações nos salários e concursos para contratação de 18 mil servidores.
De acordo com o sindicalista, um estudo mostra que a perda salarial dos funcionários da Previdência chega a 127% nos últimos dez anos. "Não tivemos reajuste desde o governo FHC", disse.
No final de 2003, os previdenciários fizeram uma paralisação que durou dois meses. "O movimento foi encerrado porque o governo Lula se comprometeu a discutir um plano de carreira e negociar a extensão de uma gratificação que corresponde a 47,11% para 60% da categoria que não recebia esse reajuste", afirmou Decares. Cerca de 40% dos funcionários recebiam essa gratificação, diz o sindicalista, porque ingressaram com ações na Justiça.
"Mas o governo só quer negociar a extensão se os servidores abrirem mão de suas ações. Além disso, não discutiu com o funcionalismo o plano de carreira."
O INSS pede que os usuários, antes de ir aos postos, telefonem para o serviço 0800-78-0191, que funciona das 7h às 19h, para saber se as agências estão fechadas.
Depois de três tentativas frustadas de atendimento no posto do INSS em Santo Amaro, na capital, o aposentado Paulo Roberto Valera Martins, 57, chegou às 4h de ontem na fila. Mesmo assim, não teve sucesso, porque, justamente no dia em que garantiu um lugar privilegiado na fila, os funcionários do INSS entraram em greve.
"Vi a faixa de greve, mas pensei que teria pelo menos um atendimento parcial", reclamou às 8h, quando percebeu que a agência não iria abrir mesmo. O aposentado tentava dar entrada no pedido de auxílio-doença da mulher, que deve ser operada no sábado.
Assim como Martins, a dona-de-casa Maria Edvaldo Monteiro, 51, estava revoltada. "Estou na fila desde às 3h só para pedir uma informação e vou ter que voltar sem nada", afirmou. "É um absurdo, a gente paga a vida toda, e na hora de usar é assim. Parece que estamos pedindo um favor."


Texto Anterior: Agenda negativa: INSS faz greve em 13 Estados e gera transtorno em agências
Próximo Texto: Agenda negativa: Governo diz a servidores que não cede mais
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.