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AGENDA NEGATIVA
Planejamento afirma que não pode melhorar proposta de aumento e que vai esvaziar movimento grevista
Governo diz a servidores que não cede mais
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em reunião com professores e
servidores das universidades e representantes de funcionários das
áreas da educação, da saúde e dos
Poderes Legislativo e Judiciário,
que ameaçam greve nacional a
partir de 10 de maio, o governo
avisou que chegou ao limite financeiro da negociação e trabalhará para esvaziar o movimento
dos funcionários públicos.
"Não há mais espaço para avançar, chegamos ao limite financeiro", resumiu Sérgio Mendonça,
secretário de Recursos Humanos
do Ministério do Planejamento e
coordenador da Mesa de Negociação Permanente. Ele avalia que
dificilmente haverá adesão total
dos funcionários à greve. É nisso
que a equipe do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva investe agora.
O governo insiste na proposta
feita em 6 de abril ao maior contingente de funcionários públicos
da União -cerca de 905 mil servidores, 532 mil deles já aposentados. Ela prevê reajustes diferenciados entre 12,85% e 32,27% para
os ativos e de 9,50% a 29,38% para
os inativos. A proposta custaria
aos cofres públicos R$ 1,8 bilhão,
R$ 300 milhões a mais do que a
previsão de gastos do Orçamento
com o reajuste do funcionalismo.
Os contracheques dos salários
deste mês circularão com uma
mensagem em defesa do reajuste
oferecido. Por ora, a proposta está
mantida. Caso os funcionários
entrem mesmo em greve, o governo poderá encaminhá-la ao Congresso, independentemente de
um acordo, ou ainda retirá-la.
Nessa última hipótese, os funcionários teriam um reajuste linear
(igual para todos), com um percentual bem inferior à inflação,
medida em 9,3% no último ano.
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A decisão do governo só será
anunciada por volta de 20 de
maio, quando começam a ser impressos os contracheques do mês
que vem. Não há nova reunião
marcada da mesa de negociação.
Com mais de 10 mil servidores
em greve -entre agentes da Polícia Federal, advogados da União,
auditores da Receita Federal e
funcionários do INSS (Instituto
Nacional do Seguro Social)-, alguns deles parados há quase um
mês e meio, o governo federal tenta agora barrar a onda de reivindicações salariais.
Acordos para reestruturação de
carreiras já custarão neste ano
mais de R$ 1 bilhão, segundo previsão do Ministério do Planejamento, que já lança mão de arrecadação extra de tributos para pagar a conta. "Para o nosso governo, o direito de fazer greve é inalienável, mas não podemos nos
curvar à pressão", disse Sandra
Cabral, representante do ministro
José Dirceu (Casa Civil) à Mesa.
Em reunião realizada no último
domingo, representantes de 11
sindicatos associados à Cnesf
(Coordenação Nacional das Entidades dos Servidores Federais)
convocaram greve nacional a partir de 10 de maio.
"A greve é inevitável, a proposta
do governo é irrisória", avaliou
Adilson Rodrigues Santos, representante dos trabalhadores do Poder Judiciário e porta-voz da reunião. Os sindicalistas insistiram
num reajuste generalizado e
emergencial de 50,19%.
"Esse percentual é inviável, custaria R$ 40 bilhões", reagiu Sérgio
Mendonça, representante do Ministério do Planejamento.
Das entidades que integram a
Cnesf, apenas a Fasubra, de técnicos administrativos das universidades, aceitou negociar a proposta apresentada pelo governo federal. "Aceitamos como uma antecipação", disse Edvaldo Rosas, representante da entidade, que reuniria mais de 100 mil servidores
em todo o país.
Os demais sindicatos da Cnesf
prevêem uma radicalização do
movimento em resposta à estratégia do governo. "Vão tentar chegar direto nas bases, mas isso vai
radicalizar todas as categorias a
partir de maio", avalia Ezequiel
Nascimento, do sindicato de servidores do Poder Legislativo.
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